Irmã de desaparecida do Araguaia fala sobre a força-tarefa do MPF

A criação de uma força-tarefa pelo Ministério Público Federal (MPF) para investigar a Guerrilha do Araguaia (década de 70) foi recebida com otimismo por parentes dos cerca de 69 desaparecidos no movimento do PCdoB. A iniciativa tem sido encarada como mais uma pressão para que sejam esclarecidas as mortes, mas, no entanto, há uma descrença nos resultados do trabalho do grupo de procuradores.

“Louvo a iniciativa, composta por procurados que já acompanham o caso, porque é mais um elemento oficial que entra em cena. É mais uma pressão, mas não há otimismo com relação ao resultado. Está muito claro pra nós o que precisa ser feito: é a abertura dos documentos militares”, defendeu Diva Santana, irmã da desaparecida Dinaelza Santana.

Diva faz parte do grupo de trabalho que investiga, na região do Araguaia, os locais onde os corpos das vítimas foram enterrados, mas as escavações são feitas, apenas, com base nas orientações de moradores. Se os arquivos das Forças Armadas fossem abertos, seria possível, segundo ela, encontrar os documentos que indicavam os locais dos sepultamentos.

“Sabemos que os sepultamentos foram registrados. Sem abrir os arquivos, eles [os procuradores] vão chegar onde estamos. Cavando aqui, cavando ali. A lei 9140 diz que o Estado precisa esclarecer os casos e o processo de esclarecimento é lento. Já foram criados tantos elementos de investigação. É preciso abrir os arquivos e essa é uma decisão política que a presidenta precisa tomar”, conclui Diva.

A força-tarefa

O grupo de procuradores iniciou as tarefas na última terça-feira (7/1) e tem um prazo de seis meses para a conclusão – prazo que pode ser estendido. A primeira reunião da força-tarefa, que não tem coordenador, deve ocorrer no início do próximo mês, em Brasília.

Desaparecidos

Embora sejam contabilizados 69 desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, há uma suspeita de que esse número passe de 100, principalmente pela participação de camponeses no movimento. Entre as vítimas, 11 são baianos.

De Salvador,
Erikson Walla