Analistas defendem reindustrialização para futuro do país

No debate inicial do 2º Encontro Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), na manhã de quinta-feira (5), os expositores Armando Boito Jr., cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Waldir Quadros, economista do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit/Unicamp), falaram sobre as “Camadas médias, sindicalismo e desenvolvimento nacional: a necessidade de inovar”.

Para este último, o grande desafio brasileiro é a reindustrialização para que o país tenha um futuro. “Não se pode falar em desenvolvimento sem indústria.” Segundo ele, os países que resolveram a questão da educação, por exemplo, são os que têm Produto Interno Bruto (PIB) alto.


Reindustrialização é o rumo certo para o País, segundo Waldir Quadros / Fotos: Beatriz Arruda/SEESP

Boito apresentou vários índices mostrando a nova fase brasileira a partir de 2003. Naquele ano, afirma, início do primeiro mandato dos governos do PT, apenas 18% das convenções e acordos coletivos de trabalho conseguiram reajuste acima da inflação. Em 2012, prossegue Boito, 96% dos acordos obtiveram reajuste acima da inflação. “Ou seja, a massa salarial cresceu.” Da mesma forma, o número de greves aumentou, assim como o perfil das reivindicações das categorias profissionais que, na década de 1990, era defensivo, pela garantia do não atraso do pagamento dos salários, nos anos 2000, será ofensivo, incluindo o aumento real e a produtividade.

Ele explica o fenômeno do aumento das lutas sindicais porque a situação econômica melhorou, com a redução do desemprego, principalmente. Isso, destaca Boito, “deu mais disposição de luta e coragem aos trabalhadores para fazerem suas lutas”. O cientista político da Unicamp diz que o processo político brasileiro, desde o final dos anos 1990, está organizado da seguinte forma: de um lado o grande capital internacional que pressiona os governos a adotarem políticas neoliberais; e de outro, o setor da grande burguesia interna – grandes empresas, construtoras, mineradoras, agronegócio, etc – que procura preservar a sua posição dentro da economia nacional e crescer na mundial.


Armando Boito

Ele denomina este último como uma “frente neodesenvolvimentista”, que seria o ponto principal de apoio dos últimos três governos – os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual de Dilma Rousseff. Na próxima eleição presidencial, portanto, Boto antecipa que o embate se dará ainda mais forte entre essas duas forças.

Quadros defende a realização da reforma agrária em território nacional como forma também de impulsionar a reindustrialização do País e critica: “Em 30 anos, 50 milhões de pessoas saíram do campo e vieram para as cidades em situação miserável.” E afirma que a grande problemática do milênio vai ser a questão do emprego frente à robótica e à inteligência artificial. “Temos uma “janela” de uns 15 ou 20 anos para impulsionarmos a nossa indústria para não sofrermos o impacto da renovação tecnológica, que vai eliminar emprego qualificado e desqualificado”, adverte.

Os trabalhos dessa mesa foram coordenados por Geraldo Ferreira Filho, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), e José Ferreira Campos Sobrinho, presidente da Federação Interestadual dos Odontologistas (Fio), ambos diretores da CNTU.

Fonte: Portal CNTU e Imprensa SEESP