Japão lança conselho de segurança seguindo modelo dos EUA

O Japão inaugura, nesta quarta-feira (4), um Conselho Nacional de Segurança nos moldes do estadunidense. Sua função é a de “fortalecer a liderança” do Gabinete do Primeiro-Ministro para a elaboração de políticas de defesa e externa, de acordo com a mídia local. O premiê Shinzo Abe já vem articulando medidas no que considera a "missão histórica" de mudança de uma Constituição considerada "pacifista".

EUA e Japão - Japan Daily Press

O lançamento do conselho é visto como um dos principais pilares do empreendimento do primeiro-ministro Shinzo Abe para reformular a postura da Defesa japonesa e fortalecer as capacidades das Forças de Autodefesa, segundo a agência de notícias Kyodo News, citada pela chinesa Xinhua.

O órgão reúne o primeiro-ministro, o secretário-chefe de Gabinete, e os ministros de Relações Exteriores e de Defesa duas vezes por mês para discutir questões securitárias. Shotaro Yachi, conselheiro de Abe para política externa, deve ser o chefe do conselho.

O escritório central, que consiste em 60 funcionários dos ministérios de Defesa e das Relações Exteriores, principalmente, será montado do Secretariado do Gabinete no próximo mês. De acordo com a Kyodo News, o grupo recolherá informações dos ministros e agências para evitar divisionismos.

De acordo com a agência de notícias, a primeira reunião do conselho, nesta quarta, trata de questões como a Estratégia Nacional de Segurança, das definições do Programa Nacional de Defesa e da nova Zona Aérea de Identificação e Defesa no Mar do Leste da China. Além disso, a reunião formulará "pontos quentes" para aumentar a cooperação securitária do Japão com os EUA.

Reformulação das forças armadas
e da Constituição

As Forças de Autodefesa do Japão são as forças militares unificadas, assim organizadas após a Segunda Guerra Mundial, cujos tratados e desenvolvimentos após a derrota japonesa estabeleceu que as suas tropas ficariam confinadas às ilhas e nunca poderiam ser enviadas ao exterior. Nos últimos anos, porém, elas têm integrado missões internacionais e manutenção da paz.

Abe tenta rever alguns aspectos da Constituição japonesa de 1947, principalmente no impedimento do uso da força militar pelo Japão para resolver disputas internacionais. O documento é considerado internacionalmente uma "Constituição pacifista", mas a reformulação de aspectos centrais desta característica pode colocar em risco relações diplomáticas.

Quando lançou o projeto para o estabelecimento do Conselho Nacional de Segurança, em setembro, o premiê japonês, citado pelo jornal Japan Daily Press, disse: "nós definiremos nossos interesses nacionais desde uma perspectiva de longo prazo, e formularemos uma estratégia nacional securitária para assegurar a nossa segurança nacional."

De acordo com analistas, a reformulação das diretrizes militares do Japão, anunciada em dezembro de 2010, desvia o foco das relações com a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) para a questão das Ilhas Diayou, território chinês ocupado pelos japoneses (sobretudo com o apoio dos Estados Unidos).

Recentemente, a elevação das tensões relativas a este tema tem sido debatida a nível acadêmico e diplomático, uma vez que a China demonstra o seu direito histórico e legal à soberania sobre as ilhas. Entretanto, a realização de exercícios militares conjuntos dos EUA e do Japão têm transmitido aos chineses a sensação de ameaça.

Com agências,
Da redação do Vermelho