A peculiaridade maranhense, artigo de Egberto Magno

 

Egberto Magno
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), historicamente, sempre definiu a sua intervenção no curso do processo político a partir de suas linhas-mestras, colocando em primeiríssimo plano o seu objetivo estratégico, ou seja, a construção do socialismo em nossa pátria.

A tática, portanto, visa abordar, no plano prático, esta diretriz: no Brasil de hoje, trata-se de erigir um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento através do esforço pela realização e aprofundamento das reformas que avancem o país a um novo patamar de desenvolvimento econômico e social e passa, neste momento, pelo reforço do projeto iniciado por Lula e continuado por Dilma, e que contará com o apoio do PCdoB para as eleições do ano que vem.

Diz-se, e é inegável, que o Brasil é um país continental e, como tal, é marcado pela diversidade. Tal diversidade se expressa em todos os terrenos: climáticos, geográficos, econômicos, antropológicos, históricos e… políticos. Cada unidade federativa tem sua tonalidade política, suas peculiaridades e até mesmo suas idiossincrasias. E é neste contexto em que se encontra o Maranhão.

No Maranhão, o processo político-social guarda singularidades. Em 1965, o jovem advogado José Sarney, filho de um desembargador, foi eleito governador com o discurso de que o estado precisava entrar em um novo tempo, destronar a oligarquia comandada por Vitorino Freire. Sua chegada ao poder só foi possível em razão do hercúleo esforço patrocinado pela recém-instalada ditadura militar que entrou em campo para unificar, a ferro e a fogo, as elites políticas conservadoras em torno de Sarney. De lá até cá, o oligarca só se sustenta a partir de suas relações com o governo federal. É assim até hoje, na “era Lula”.

Sarney enganou ao Maranhão e aos maranhenses: tornou-se oligarca e não traduziu sua influência no plano federal em benefícios para a população de seu estado. Sem exagero, é possível dizer que a República brasileira não se encontra viva no Maranhão, o que temos são lampejos de uma sociedade republicana.

A peculiaridade maranhense se traduz na imperiosa necessidade de republicanizar o estado, que, em muito, se assemelha a uma unidade federativa da República Velha (1889-1930). Essa defasagem é obra da oligarquia sarneysista que manieta praticamente todas as instâncias da vida social maranhense (judiciário, governo, legislativo, meios de comunicação etc). Aqui ainda impera o patrimonialismo mais exacerbado.

A população maranhense é laboriosa, generosa, alegre e dotada de uma cultura invejável. O Brasil precisa ajudar o Maranhão a virar uma página em sua história. E, no plano local, o momento é o de construir um palanque político amplo que seja o ponto de convergência de todos que almejam essa viragem de página. Com uma biografia de causar inveja a qualquer estado e a qualquer partido, Flávio Dino, do PCdoB, se viabilizou, não por seu desejo, mas, sobretudo pelo curso real da luta política e social, como o agente político que expressa esse perspectiva transformadora no Maranhão.

Podem ser múltiplas as formas de o Brasil ajudar ao Maranhão. Uma delas reside na generosidade das lideranças nacionais dos partidos que vão se aglutinando em torno do projeto capitaneado do Flávio Dino, entendendo a necessidade da construção desse palanque heterogêneo que possibilite a republicanização do estado. O Acre, a partir de 1998 com Jorge Viana (PT) e a frente popular fez isto e uniu PT, PCdoB, PSDB, PSB, PDT e outros partidos que, naquele momento, tinham candidatos diferentes à presidência da República. O Acre hoje é outro! O Maranhão também pode ser outro.

Se o PT estará ou não nesta frente política no Maranhão, isto independe. O fato é que é preciso um palanque amplo em que sejam respeitados os projetos eleitorais nacionais de cada partido da aliança. Esta seria uma forma generosa de o Brasil ajudar o Maranhão a se inserir, definitivamente, na República Federativa do Brasil. E o PCdoB, com a eleição de Flávio, sairia reforçado para a luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.

Egberto Magno, Secretário de Comunicação do PCdoB-MA