AL-BA devolve mandato de Giocondo Dias em sessão especial

Na tarde desta quarta-feira (20/11), a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) realizou uma sessão especial em comemoração ao centenário de Giocondo Dias e a primeira de 14 devoluções simbólicas de mandatos cassados durante a ditadura militar. O ato, uma iniciativa dos deputados estaduais Marcelino Galo (PT) e Fabrício Falcão (PCdoB), contou com a presença do governador Jaques Wagner.

A deputada Kelly Magalhães (PCdoB), líder da bancada comunista na AL-BA, representou o deputado Fabrício Falcão e destacou a luta incansável de Gioncondo Dias pela emancipação humana e em defesa da democracia, da paz e do socialismo. Familiares de Giocondo estiveram presentes no ato e o seu filho, Antônio Eduardo Dias, recebeu a placa simbólica do mandato.

O governador fez uma alusão do momento atual com os anos da ditadura. “Esse momento é bastante reflexivo. É fundamental que nesse momento em que se tenta enxovalhar a política, entender que alguns, ou alguém isolodamente, pode ter a capacidade de conduzir o destino do povo que não seja aqueles que legitimamente fazem com o que é mais sagrado na democracia, que é voto popular, é muito importante que em um momento desse se entregue simbolicamente esses mandatos”.

Também terão seus mandatos devolvidos, em data a ser definida, os ex-deputados Diógenes Alves, Ênio Mendes de Carvalho, Sebastião Augusto de Souza Nery, Wilton Valença da Silva, Hamilton Saback Cohim, Arena, Luiz da Silva Sampaio, Marcelo Ferreira Duarte Guimarães, Osório Cardoso Villas Boas, Aristeu Nogueira, Luiz Leal, Octávio Rolim, Oldack Neves e Padre Palmeira.

Giocondo Dias

Giocondo, nascido na cidade de Salvador, em 18 de novembro de 1913, começou a trabalhar muito cedo em virtude do falecimento do seu pai, Antonio Alves Dias. A infância muito atribulada, com a luta pelo sustento da família, não lhe permitiu concluir sequer o curso primário, embora tenha se matriculado por diversas vezes.

Cabo do Exército, membro da Aliança Nacional Libertadora (ANL), comandante do governo provisório e revolucionário de quatro dias em Natal (RN), em 1945, e, a partir da cisão ocorrida em 1962, dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Durante seu discurso, Kelly Magalhães lembrou o último combate do comunista contra um tumor no cérebro. Chegou a fazer cirurgia, em Moscou, em janeiro de 1987, mas, após ter retornado ao Brasil, faleceu no dia 7 de setembro, do mesmo ano. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

"Morreu um herói, morreu o Cabo Vermelho, que nos legou um patrimônio de 52 anos de militância no Partido Comunista do Brasil e no Partido Comunista Brasileiro", disse a deputada. Para finalizar, Kelly leu texto escrito por outro comunista baiano, Jorge Amado, sobre Giocondo, no livro Bahia de Todos os Santos.

De Salvador
Ana Emília Ribeiro

Com agências