Realidade dos negros ainda é injusta no Brasil

Mesmo com a implantação de políticas públicas de reparação, a situação dos negros brasileiros ainda não é das melhores. As vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado em 20 de novembro, é possível observar notícias que apontam o crescimento do número de jovens negros assassinados, salário de trabalhadores negros inferior ao de um não negro, a prática do racismo, entre outros.

De acordo com pesquisa divulgada na semana passada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), um trabalhador negro ganha, em média, um salário 36,1% inferior ao recebido por um não negro. O levantamento tomou como base as regiões metropolitanas de Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e São Paulo.

Essa é a realidade enfrentada por milhares de negros no Brasil, mesmo com acesso à escola, universidade e cursos técnicos, além da capacidade física e intelectual. Outra questão preocupante é o número de negros em cargos de chefia em grandes corporações no país. O índice é muito abaixo do esperado.

O estudo apontou ainda que nas vagas de menor prestígio, os negros são maioria: pedreiros, serventes, pintores, caiadores e trabalhadores braçais na construção, faxineiros, lixeiros, serventes, camareiros e empregados domésticos. Mesmo com todas as políticas de reparação e inclusão, parece que as empresas precisarão criar cotas raciais para atenuar o problema.

Parlamento

Outra questão que está em discussão no país é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reserva cotas para parlamentares negros. No último dia 31, a PEC, de autoria do deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Segundo a matéria, a cota valerá para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Outro fator que poderá reverter a situação econômica e profissional dos negros no Brasil é o Projeto de Lei enviado no último dia 05 pela presidenta Dilma Rousseff ao Congresso, em caráter de urgência constitucional, que destina 20% das vagas em concursos públicos federais para negros.

De acordo com a presidenta, o projeto é um convite para que os Poderes Legislativo e Judiciário, além dos estados e municípios, façam normas nesse sentido, pois a sociedade brasileira tem que arcar com as consequências do longo período escravocrata.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro