"Minha luta se identifica com a luta do PCdoB", diz Emília

Emilia Fernandes, primeira senadora eleita pelo Rio Grande do Sul, em 1994, participou do 13º Congresso do PCdoB e manifestou seu entusiasmo com relação ao Partido. “A minha luta se identifica muito com a luta histórica do PCdoB é uma honra para mim estar nestas fileiras para somar e fortalecer este novo momento de transição com Dilma porque nós não podemos admitir o retrocesso neste país", disse Emília, que foi a primeira ministra de Política para Mulheres no governo Lula.


Emília Fernandes durante o 13º Congresso do PCdoB / Foto: Clecio Almeida

Para ela, que também é presidenta do Fórum de Mulheres do Mercosul, no Brasil, e atualmente é secretária executiva do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), o Partido tem a missão de fazer avançar as mudanças no país e "avançar muito", porém, "dentro deste campo de luta socialista, de luta popular, de luta com os movimentos e com o povo brasileiro”.

Filiada desde outubro deste ano no PCdoB, Emília tem uma longa trajetória política desde a luta no magistério gaúcho e desde a década de 1970 atua pela igualdade de gênero em seu estado. “Na década de 1970, já fazíamos um trabalho com as mulheres na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e, depois, quando assumi o ministério da Mulher, nós tivemos muita clareza. E quando apresentamos o primeiro relatório da situação da mulher no Brasil à ONU, denunciamos a violência, a discriminação e a necessidade de haver uma lei especifica e foi então que chegamos na Lei Maria da Penha”, lembrou Emília, que também contribuiu para a formação e realização das Conferências Nacionais de Política para Mulheres e do Disque 180 que recebe denúncia de casos de violência doméstica.

Ela comentou que as teses apresentadas e debatidas durante o Congresso vão nortear este novo momento do PCdoB: "Nós fazemos aqui, a partir dos militantes, delegados vindos de todo o Brasil, a leitura deste novo momento, uma leitura critica, criativa e desafiadora para estes novos tempos. Não vamos apenas continuar, mas continuar avançando. O Povo brasileiro tem que saber que o PCdoB é linha de frente para que não haja retrocesso e esse congresso vai fortalecer nossas energias, recompor aquele nosso diálogo que temos com a sociedade, com os movimentos populares, sindicatos, mulheres, com a juventude".

Emília Fernandes disse estar muito a vontade no Congresso e com as energias redobradas e se referiu ao partido de forma carinhosa como "o PCdoB do Brasil". "É um espaço que eu me sinto muito bem com as energias redobradas e a vontade certamente deste novo momento que o Brasil vai viver no ano que vem, carregado de responsabilidade, de compromisso de trabalho do PCdoB do Brasil, que é chamo assim do Brasil porque é realmente do nosso povo brasileiro a nossa missão primeira”, declarou. 

Gênero

Com relação a recente constatação do aumento do número de casos registrados de estupro de mulheres, ela analisa que a forma da mulher pensar e se posicionar sobre a violência está mudando, “elas estão tendo coragem de denunciar”. “A visibilidade dos fatos de violência contra a mulher, principalmente dentro dos lares, dentro das famílias, ela está chegando à sociedade como um todo. Então, se por um lado as mulheres perderam o medo, por outro, eles, os homens agressores, também reagem. Então temos que trabalhar as duas pontas", explicou.

Para ela, é preciso cada vez mais denunciar as diversas formas de violência contra a mulher e ir além, abordando q questão na raiz, tratando também a sociedade patriarcal. "Temos que tratar a sociedade, porque isso é um problema da sociedade onde a mulher sempre foi considerada objeto e o homem seu dono. Os dados são alarmantes. São compromissos de estado e de políticas sociais que vão reverter esses números. Mas, principalmente, é um dever da sociedade em fazer uma nova leitura contra todas as formas de preconceito, de discriminação e principalmente combater a violência de todas as formas", enfatizou.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho no 13º Congresso do PCdoB

Ouça a entrevista com Emília Fernandes: