Seminário enfatiza luta dos povos e unidade socialista mundial  

Tem continuidade nesta quinta-feira (14), na capital paulista, o seminário “Tendências da Situação Internacional”, introdutório das atividades do 13º Congresso do PCdoB. Com a presença de delegações de mais de 50 países e seis organizações internacionais, a troca de perspectivas sobre a conjuntura mundial e os rumos do socialismo inclui um forte apelo à unidade dos povos na construção de uma alternativa justa e inclusiva ao capitalismo imperialista.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho 


A atualidade das teses leninistas sobre um imperialismo ainda vigente foi enfatizada com veemência na primeira jornada do seminário internacional, nesta quarta-feira (13), pelos primeiros representantes de partidos de esquerda e comunistas de todos os continentes a exporem as suas perspectivas.

Como já dito por Lenin em críticas sociais como “Imperialismo, fase superior do Capitalismo”, é absoluta e evidente a função do capital financeiro, ainda hoje, no neocolonialismo imperialista e na manutenção de um sistema falido através da força, seja política, econômica ou militar. Neste sentido, Lenin e Marx são pensadores centrais na formulação da interpretação sobre a crise sistêmica do capitalismo, com o objetivo primordial da transformação e da construção do socialismo.

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Nesta quinta, o PCdoB deu continuidade a um evento em que delegados de inúmeros países garantiram exposições ricas em análises sobre o contexto atual, sobre a construção de alternativas e com a explicação da conjuntura de seus próprios países.

A mesa foi composta pelo secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, pelo secretário nacional de Comunicação e editor do Portal Vermelho, José Reinaldo Carvalho, por Socorro Gomes, membro do Comitê Central e presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz e do Conselho Mundial da Paz, e por Haroldo Lima, membro do Comitê Central do PCdoB.

Falaram, nesta sessão, delegados da Argentina, de Cuba, do Benin, do Saara Ocidental, da Palestina, da Itália, da Alemanha, do Chipre, da Síria, da Venezuela e do Vietnã, com enfoques nas alternativas socialistas, na denúncia contra as investidas do imperialismo e da direita doméstica, no empenho pela independência definitiva da américa Latina e na construção do socialismo.

Europa em crise e levante

Membros das delegações europeias como a do Chipre, da Alemanha e da Itália deram continuidade a denúncias feitas no primeiro dia do seminário, principalmente no tocante à militarização das relações internacionais, os ataques das instituições neoliberais às conquistas históricas dos trabalhadores e dos povos, a ascensão da direita e da social-democracia oportunista e a intensificação do imperialismo em pólos estratégicos, como reação ao declínio e à crise sistêmica do capitalismo.

A expressão da União Europeia (UE) e o forjamento de um novo papel para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foram ressaltados como pontos altos destas denúncias, assim como a aliança incondicional aos Estados Unidos em seus ímpetos agressores.

Na Itália, o representante do Partido da Refundação Comunista, Marco Consolo, fez um apelo para a aprendizagem com as derrotas do socialismo e para o relançamento do socialismo com alternativa viável e palpável, face à reação das direitas às mobilizações populares generalizadas.

Um exemplo é a assinatura da Parceria Transatlântica entre os EUA e a UE e o relançamento da Otan, sobretudo para fazer frente aos processos de integração regional como o asiático e o latino-americano, com o investimento em alternativas progressistas que garantem ao subcontinente a construção de uma nova política de cooperação estrutural.

Por isso, Consolo, assim como o delegado do partido alemão Die Link (“A esquerda”), ressalta a necessidade de uma reformulação completa – e não a dissolução – através de uma “ruptura desta UE como medida contra-neoliberal, por um rumo de paz e prosperidade” e por mais alianças em um contexto europeu ainda expandido.

Soaram também denúncias da predominância de governos técnicos – formados principalmente por ou com a influência de banqueiros – e as políticas de privatização generalizada, de cortes sociais profundos e da transformação de uma crise do setor privado em uma crise de dívida pública, usada como base das medidas de arrocho impostas pela troika agressora UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.

A atuação destas instituições é rechaçada diariamente pelos povos europeus, que assistem à sua perda gradual de soberania, ao seu empobrecimento e à perda da dignidade pela qual lutaram por décadas, mas que não se entregam diante desta situação.

Luta dos povos pela paz e soberania

A representação de países e povos que simbolizam com maior ênfase a luta atual pela paz, pela libertação e pela soberania contra o jugo imperialista – seja do Ocidente ou de atores regionais apoiados por ele – também foi um ponto alto da segunda jornada do seminário internacional.

Cheia de significado animador e fortalecedor, as delegações de Cuba, do Saara Ocidental, da Palestina e da Venezuela tiraram aplausos da audiência em diversas ocasiões. A manifestação de solidariedade foi generalizada, uma vez que as suas lutas estão plasmadas no discurso socialista internacional, com a identificação direta entre as suas causas e a dos trabalhadores contra a opressão.

O delegado do Partido do Povo Palestino (PPP) fez denúncias já demasiado repetidas na história sobre a ocupação israelense sobre o território, a história e a vida dos palestinos, no contexto do anúncio da Autoridade Palestina sobre a suspensão das negociações recentemente retomadas com Israel. A continuidade da construção das colônias e o completo descompromisso com a construção da paz, sem qualquer reprimenda do aliado estadunidense – que declara um empenho ativo na mediação diplomática – resultaram em uma medida de protesto enfático que representa a posição do povo palestino.

Representante do partido socialista árabe-sírio Baath, Hassan Abbas rechaçou a escalada da dominação sobre os povos, “em contradição clara de todos os princípios e normas do direito internacional. Ao invés de resolver os conflitos e disputas internacionais por meios pacíficos, [os imperialistas] continuam a interferir nos assuntos internos de outras nações através de vários pretextos, como os direitos humanos, a liberdade e a democracia”.

Ao falar da situação na Síria, claramente representativa das táticas do imperialismo para a desestabilização de governos que não se submetem ao seu jugo, o delegado listou países ocidentais e regionais que têm influência direta na instabilização do seu país e nas investidas de agressão, frustradas pelo empenho diplomático que tem mais força atualmente.

No Saara Ocidental, a continuidade da ocupação marroquina, com a legitimação garantida pela chamada “comunidade internacional” também foi denunciada, mas a saudação aos comunistas internacionais, especialmente aos do PCdoB, pelo apoio à sua causa e à Frente Polisario marcou a fala do representante Hash Ahmed.

Saudações ao PCdoB no progresso latino-americano

Ahmed também felicitou o PCdoB pelo “grande papel que desempenha nas grandes transformações, não só no Brasil, mas em toda a América Latina”, com a atuação em desenvolvimentos de grande importância para a humanidade e “decisivos para que hoje se possa falar de um ciclo progressista” no continente.

Para o representante saaraui, a presença de inúmeras delegações estrangeiras no 13º Congresso do PCdoB demonstra o “grande prestígio” que o partido tem no mundo, ao mesmo tempo em que é imprescindível um seminário como o proposto, para a avaliação da conjuntura internacional sob a perspectiva socialista.

No mesmo sentido, Marelis Peres, deputada do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), e Maria Antonia Ramos, membro da Comissão de Relações Internacionais do Partido Comunista de Cuba saudaram o PCdoB e enfatizaram o papel dos comunistas brasileiros nos governos e nos empenhos progressistas do Brasil no contexto latino-americano de integração.

Os avanços institucionais neste processo, com a criação da Unasul e da Celac, assim como o empenho de transformação do Mercosul de uma iniciativa comercial para um esforço de integração social foram classificados como cruciais na luta anti-imperialista e na afirmação da soberania regional e solidária, em cooperação para a construção alternativas aos povos.

A comunista cubana, Maria, ressaltou a amizade e o papel ativo e direto do PCdoB no avanço social e político no Brasil, e deu ênfase ao apoio estrito à revolução cubana e suas justas causas, como a libertação dos cinco heróis presos nos Estados Unidos. Sua intervenção foi concluída com saudações firmes dos restantes delegados, que bradaram: “Cuba sim! Ianques, não! Viva Fidel e a Revolução!”

Veja aqui tudo o que foi publicado sobre o 13º Congresso do PCdoB.