Premiê indiano anuncia boicote político ao Sri Lanka

O primeiro-ministro da Índia, Mahmohan Singh, boicotará a conferência de alto nível entre os membros da Commonwealth (organização de 53 Estados antigos territórios britânicos, ou ex-colônias), que terá lugar em Colombo, Sri Lanka. As acusações de violação de direitos humanos e crimes de guerra contra os rebeldes do grupo Tigres Tâmeis, em 2009, são os motivos principais. O chefe do governo canadense, Stephen Harper, também boicotará o evento pelo mesmo motivo.

Manmohan Singh - IBN

O premiê indiano escreveu ao presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, para dizer que enviará o seu chanceler para representar o país, de acordo com um porta-voz citado pela emissora britânica BBC.

Já o premiê do Reino Unido, David Cameron disse que Rajapaska tem “questões sérias” a responder sobre as acusações de crimes de guerra cometidos nos últimos meses da campanha contra os Tigres Tâmeis, em 2009.

Cameron disse que instará o presidente do Sri Lanka a organizar uma investigação independente sobre as acusações de disparos indiscriminados, execuções extrajudiciais e estupro de civis tâmeis. O governo nega as alegações veementemente.

Em declarações à BBC, neste domingo (10), o ministro das Relações Exteriores do Sri Lanka disse que a decisão do premiê indiano não representa uma “derrota”.

“Se ele viesse, ficaríamos muito contentes. Esta decisão é tomada devido a razões políticas internas [da Índia], mas não afetará o sucesso do programa, não pensamos que isso seja um problema”, disse o chanceler do país anfitrião da conferência.

No Reino Unido, o porta-voz de relações exteriores do Partido Trabalhista, Douglas Alexander pediu ao premiê David Cameron que revisasse “urgentemente” a sua decisão de comparecer ao evento. Entretanto, o chanceler britânico, William Hague, disse que o governo considera que o seu afastamento prejudicaria a Commonwealth.

O correspondente da BBC na Índia, Sanjoy Majumder disse que o governo indiano vinha sofrendo pressões para que boicotasse a conferência, especialmente por parte dos políticos tâmeis no país.
Em outubro, o chefe do governo canadense, Harper disse que a falta de responsabilização pelos abusos contra os direitos humanos “durante e após a guerra civil é inaceitável”, embora a decisão do boicote não tenha sido fácil.

O Canadá recebe a maior população expatriada da comunidade Tâmil do Sri Lanka. Muitos são refugiados que migraram durante a última década, enquanto a guerra civil se desenrolava no país asiático.

Antecedentes do conflito

O Exército do Sri Lanka derrotou os rebeldes tâmeis após uma guerra de 26 anos, que deixou ao menos 100.000 pessoas mortas. Ambos os lados foram acusados de abusos contra os direitos humanos, e estimativas contabilizam as mortes civis, durante os últimos meses da guerra, entre 9.000 a 75.000.

O governo do Sri Lanka lançou a sua própria investigação sobre a guerra em 2011, e inocentou o Exército das acusações de que tinha atacado civis deliberadamente.

Os Tigres da Liberação da Eelam Tâmil (ou do Sri Lanka, em tâmil) são uma organização separatista baseada no norte e no leste do país, fundada no fim da década de 1970.

Sua campanha nacionalista pela criação de um Estado independente na região desenvolveu-se em uma guerra civil que durou de 1983 a 2009, quando foi militarmente derrotada pelo Exército.

A Índia esteve entre atores terciários que se envolveram nos combates contra os tigres tâmeis, através de cerca de 50.000 tropas de “manutenção da paz” presentes no país até 1990, quando negociações de paz pareciam desenvolver-se, sem resultado diplomático.

Com informações da BBC,
Da redação do Vermelho