ONU destaca importância do acordo entre Farc e governo colombiano

A Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltou a importância do acordo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP), que possibilita a participação do grupo insurgente na política, uma vez que o processo de diálogo pelo fim do conflito armado seja concluído. 

ONU destaca importância do acordo entre Farc e governo colombiano - El Tiempo

O coordenador humanitário da ONU na Colômbia, Fabrizio Hochschild, felicitou a mesa negociadora pelo avanço conquistado. Ele destacou a “importância da continuidade do diálogo pelo fim do conflito armado que segue causando grande sofrimento cotidiano e outras graves consequências humanitárias”, de acordo com informações divulgadas pela agência de notícias EFE.

Em um comunicado enviado à imprensa e à delegação de negociadores, Hochschild acrescentou que a ONU reitera sua plena disposição em seguir apoiando o processo de paz no país. A entidade tem participado do processo organizando fóruns para a discussão de cada um dos temas que vem sendo analisados em Havana, onde acontecem as mesas de negociação.

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O acordo parcial sobre o segundo ponto da agenda entre o governo de Juan Manuel Santos e as Farc estipula que haverá um movimento político que surgirá da guerrilha, cuja formação se definirá mais adiante pelas partes. O consenso garante também a segurança e transparência para novos partidos políticos que venham a surgir no período de paz.

O conflito armado na Colômbia dura mais de 50 anos. Gerações inteiras não conheceram o país em situação de paz. No entanto, esse avanço fundamental no processo com as Farc, em seu 16º ciclo de conversações, traz ao povo colombiano um novo fôlego para seguir buscando a democracia.

Oposição

Horas antes de os negociadores anunciarem o acordo oficialmente, o ex-presidente Álvaro Uribe, escreveu em sua conta no Twitter, de maneira depreciativa, que "a Colômbia é a única democracia que aceita negociar com o terrorismo", referindo-se à guerrilha.

Durante seus oito anos de mandato, Uribe negociou com grupos paramilitares também considerados terroristas, e buscou, sem sucesso, negociar a paz com as Farc e também com o Exército de Libertação Nacional (ELN).

No início de outubro, o chefe da delegação das Farc, Iván Márquez, afirmou que um dos principais inimigos do processo é Uribe. “Enquanto foi presidente não foi capaz de ganhar a guerra e agora não quer deixar que firmemos a paz”.

Da mesma forma, Pablo Catatumbo, porta-voz da força insurgente, manifestou que o “uribismo” é o maior conspirador da paz, porque “acredita que a única maneira de alcançá-la é derrotando a guerrilha”.

Agricultores

Segundo matéria publicada pela agência argentina Télam, os agricultores colombianos, um dos setores mais afetados pelo conflito armado, qualificaram o acordo como “um novo ar” para as negociações entre o governo e as Farc.

Esta é a segunda vez que as partes conseguem um acordo parcial. Em maio deste ano, declararam um posicionamento sobre o tema agrário, que inclui antigas demandas das Farc sobre o acesso dos camponeses às terras, além do apoio social do Estado ao setor rural.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho
Com informações das agências de notícias