Paquistaneses protestam contra ataques com drones dos EUA

Enquanto os Estados Unidos continuam ignorando as reiteradas petições do Paquistão para encerrar o uso de aviões não tripulados (drones) em operações ofensivas dentro do seu território, os paquistaneses indignados pelas mortes de civis em consequência dos ataques voltaram às ruas, nesta segunda-feira (28). No fim de semana, a representação do país na Organização das Nações Unidas denunciou a estratégia criminosa dos EUA como uma violação da sua soberania e do direito internacional.

Paquistão contra drones dos EUA - Getty Images

Milhares de manifestantes paquistaneses protestaram, nesta segunda, na cidade de Peshawar (no noroeste do Paquistão), para condenar as agressões perpetradas pelos drones estadunidenses nas regiões tribais do país asiático.

Os locais exigiram ao governo de Islamabad que condicione a sua cooperação com Washington, na denúncia contra o pretexto do combate ao terrorismo, com o uso de drones.

O povo paquistanês está indignado com os ataques dos Estados Unidos em seu território, desde o início da operação conjunta, em 2001, que deixaram milhares de civis mortos e feridos, principalmente na região do noroeste.

Na mesma linha, celebraram-se várias manifestações anti-estadunidense em rechaço às incursões aéreas norte-americanas, que frequentemente provocam vítimas mortais entre os civis, enquanto Washington alega que tem como alvo os “suspeitos de terrorismo”, residentes nas zonas tribais.

O governo de Islamabad exigiu a Washington, em diversas ocasiões, o fim das ofensivas com drones, o que organizações internacionais de defesa dos direitos humanos já classificaram como “crimes de guerra”.

Em discurso no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, na semana passada, o embaixador paquistanês Masud Jan solicitou o “fim imediato” dos ataques de Washington ao seu território.

“No Paquistão, todos os ataques com drones recordam, de uma maneira aterradora, que podem produzir-se represálias terroristas em qualquer esquina”, disse o representante.

O diplomata paquistanês fez referência ao encontro mantido na quarta (23) entre o primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quando reiterou seu rechaço às operações que deixam tantas baixas civis, com mortes brutais causadas pelos ataques com drones.

Ao contrário do publicado pelo jornal estadunidense The Washington Post, segundo o qual o governo paquistanês havia respaldado as operações dos EUA em segredo, Jan enfatizou que seu país nunca deu qualquer consentimento, explícito ou implícito, para a condução das ofensivas.

O relator especial da ONU para os direitos humanos e a luta contra o terrorismo, Ben Emmerson, instou os EUA a proporcionarem dados sobre o número de civis afetados pelos ataques com drones. De acordo com Islamabad, na última década, 400 das 2.200 vítimas fatais dos ataques no país foram civis.

Em maio, uma decisão judicial da Suprema Corte de Peshawar concluiu que os ataques com drones dos EUA em território paquistanês são ilegais, desumanos e uma violação da Carta das Nações Unidas e dos direitos humanos.

Com agências,
Da redação do Vermelho