Correa sobre espionagem: "Se fosse a América Latina, seria crime"

O presidente do Equador, Rafael Correa, assegurou nesta terça-feira (29) que se a espionagem massiva realizada pelos Estados Unidos tivesse sido feita por países da América Latina, estes seriam considerados criminosos e levados à Corte Internacional de Haia. O mandatário está na Rússia para ampliar os laços econômicos e comerciais entre os países e deu uma entrevista para a rede de televisão local. 

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“Se essa espionagem tivesse sido feita pela Venezuela, Equador ou Cuba, [esses países] já teriam sido taxados de ditadores, criminosos e levados à Corte Internacional de Haia. Mas, neste caso, não vai acontecer absolutamente nada, porque lamentavelmente a justiça internacional não é outra coisa além da conveniência do mais forte, e os EUA são os mais fortes”, disse Correa em entrevista à TV russa RT.

O presidente equatoriano criticou a postura do governo norte-americano ao afirmar que os EUA “acreditam ser um país superior ao resto do mundo” e agregou que a espionagem massiva protagonizada pelo mesmo o faz “cair em enormes contradições”.

Correa ironizou as recentes denúncias de espionagem que recaíram sobre a chefe de Estado da Alemanha, Angela Merkel. “No princípio diziam que a espionagem era necessária para combater o terrorismo, mas não sei se Angela Merkel é terrorista”, disse.

Para ele, “a ordem mundial não é somente injusta, é imoral”, mas, segundo o mandatário sul-americano, “quem vai mudar isso são os cidadãos do primeiro mundo, uma vez que se derem conta que também são vítimas do império do capital”.

“No Equador não aspiramos mudar a ordem mundial, mas proteger nossos povos dessa injustiça, e, para isso, se requer a integração latino-americana, para que unidos sejamos mais fortes e tenhamos mais presença internacional”, concluiu Correa.

Cooperação Rússia-Equador

Segundo informações publicadas pela agência Prensa Latina nesta terça-feira (29), o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que o tema central da associação estratégica entre Rússia e Equador está baseado na ampliação dos laços econômicos e comerciais, além de sua diversidade em linhas de cooperação.

Putin e Correa assinaram quatro importantes convênios que, segundo o mandatário russo, “foram discutidos amplamente”. Dentre eles, está o financiamento da turbina de gás a vapor da usina termoelétrica localizadas em Machala, no Equador.

Putin disse ainda que existe um volume de 1,5 bilhões de dólares em novos projetos, que potencializarão a presença de companhias russas no país latino-americano. Ele afirmou também estar convencido de que a associação se desenvolverá de maneira exitosa para benefício de ambos os países e isso deve favorecer a paz e segurança no mundo.

Théa Rodrigues, da redação do Vermelho,
Com informações do Cuba Debate e da Prensa Latina