Dilma anuncia R$ 5,4 bi em transporte e critica déficit histórico

A presidenta Dilma Rousseff anunciou, nesta sexta-feira (25), em São Paulo, um pacote de R$ 5,4 bilhões em investimentos do governo federal em forma de repasse por meio do PAC da Mobilidade Urbana para obras de extensão e melhoria do setor. O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Segundo ela, com esses recursos, os repasses para o setor no estado somam R$ 21 bilhões.

Ao lado do prefeito, Fernando Haddad, e do governador tucano, Geraldo Alckmin, Dilma criticou os governos federais anteriores — incluindo os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) — que durante décadas negligenciaram os investimentos em transporte público e apontou o "déficit histórico" no setor.

"Nos anos de 1980 e 1990 era considerado inadequado fazer metrô, dado o custo elevado de investimento. Essa inadequação estava ligada também ao fato de o Brasil passar por um momento muito difícil, que durou muito tempo", afirmou Dilma durante anúncio de verba federal para mobilidade urbana em São Paulo.

Fazendo clara referência à gestão do tucanato à frente da presidência da República e ao alinhamento do PSDB com o projeto neoliberal estadunidense, Dilma lembrou a postura subserviente e dependente do Brasil. "A gente tinha de pedir autorização ao FMI [para investir]. Por isso foi tão bom, não é governador, a gente ter pagado a dívida com o FMI [Fundo Monetário Internacional], que não supervisiona mais as nossas contas".

A presidenta ressaltou que investir em metrô é essencial nas cidades porque “garante um transporte sem interrupção do trânsito, com capacidade de escoamento absolutamente diferenciada, rápida, eficiente e segura”. Para ela, o metrô é o grande eixo de integração de modais em qualquer sistema de transporte para as grandes cidades.

“Esses investimentos fazem parte de um processo de amadurecimento do país no sentido de abandonar o complexo de vira-lata", disse Dilma, usando a expressão criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, originalmente em referência à derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950 e ao pessimismo que cercou a equipe no Mundial de 1970, no qual foi campeã.

Dilma, em sua conta no Twitter, que o governo tem dado apoio às iniciativas que de fato melhoram a vida dos moradores das grandes cidades. A presidenta disse que oferecer transporte urbano de qualidade, ágil e a preço justo é um desafio de todos os prefeitos e governadores e que seria impossível para estados e municípios tocarem obras sem o apoio e crédito barato garantido pelo governo federal.

A presidenta ressaltou que os investimentos federais estão alinhados com as vozes das ruas e com as novas reivindicações dos milhões de brasileiros que conquistaram direitos essenciais na última década de governos progressistas e democráticos no país. "Os movimentos de junho não foram apenas pelos 20 centavos. Foram por mais direitos. Por isso, respondemos com a proposta dos cinco pactos. Um deles é da Mobilidade Urbana", escreveu Dilma antes do anúncio.

No total, o governo federal irá investir R$ 5,4 bilhões para a expansão do transporte metropolitano de São Paulo — deste total, R$ 4,1 bilhões são em financiamento, parte dele do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e R$ 1,3 bilhão do Orçamento da União. Ainda no Twitter, a presidenta afirmou que o governo federal está colocando R$ 21 bilhões de investimento em mobilidade urbana em São Paulo, que viabilizam investimento total de R$ 33 bilhões. O financiamento tem prazo de 30 anos, com cinco anos de carência e juros subsidiados.

Entre as melhorias previstas, está a construção de mais 30 quilômetros de trilhos, incluindo nova linha de trem metropolitano e a primeira ligação a um aeroporto internacional. Trata-se da implantação das obras da Linha 13 Jade, na ligação da cidade de São Paulo com o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos. Este ramal terá 12 quilômetros de extensão, saindo da Estação Engenheiro Goulart, na Linha 12 Safira, da CPTM, em direção a Guarulhos, somando um total de R$ 2,1 bilhões de investimentos.

Na Linha 9 Esmeralda da CPTM, de Grajaú, serão inseridos mais 4,5 quilômetros de extensão, até Varginha, bem no extremo sul da cidade. Já no Metrô, a Linha 2, que liga a Vila Prudente àVila Madalena, haverá um aumento de 14,4 quilômetros no ramal com 13 novas estações até a Via Dutra, na altura de Guarulhos.

Mariana Viel, da redação do Vermelho,
com informações das agências