Aproximação entre Irã e Ocidente é temida por Israel e Golfo

A melhoria das relações entre o Irã e o Ocidente tem sido analisada positivamente por atores políticos de diversos contextos. A mudança de governo no país persa, com ampla participação popular nas eleições, e a condução construtiva dos diálogos sobre o seu programa nuclear são ressaltados pelo portal iraniano HispanTV, nesta quinta-feira (24). Por outro lado, a inquietude de Israel com o desenvolvimento também é notada, assim como o seu receio de ficar isolado na hostilidade contra o Irã.

Catherine Ashton e Mohamed Javad Zarif - Fabrice Coffrini / EPA

Os problemas surgidos em alguns países da Europa, assim como a massiva participação da nação iraniana nas eleições presidenciais provocaram o interesse pela melhora das relações com o Irã, de acordo com o presidente da Assembleia Consultiva Islâmica do país (Mayles), Ali Lariyani, em declarações desta quinta, citadas pela HispanTV.

O representante persa disse ter observado essa tendência durante a sua recente viagem a vários países europeus, quando notou a mudança de foco relativo às relações com o Irã.

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Enquanto o espaço internacional tem sido mais positivo com relação ao país persa, as declarações agressivas do regime israelense, entretanto, provocaram um afastamento da comunidade internacional neste sentido, ressaltou Lariyani.

Entretanto, além de os países ainda atuarem de acordo com seus próprios interesses, Israel continua mantendo uma forte influencia sobre o Congresso estadunidense, e as autoridades norte-americanas continuam afirmando o seu compromisso primordial com a “segurança” israelense, associando essa questão diretamente à pressão histórica sobre o Irã.

Instrumentos dessa posição são as sanções impostas pelos Estados Unidos e, depois, pela Organização das Nações Unidas e pela União Europeia contra a economia persa. Israel segue pressionando pela manutenção das sanções.

A posição é mantida embora o governo iraniano se demonstre comprometido com as negociações e o diálogo, inclusive sobre o programa nuclear pacífico a que tem direito, como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP), ao qual Israel não ratificou.

Por outro lado, o governo iraniano reafirma o seu direito e a recusa em abrir mão deste direito, ao mesmo tempo em que tome posições e medidas que refletem a sua disposição à negociação diplomática.

Condução construtiva das negociações

Neste sentido, uma recente proposta apresentada pela delegação persa durante a última reunião com o G5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, como membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha) foi saudada pelo Ocidente e pela ONU, mas seus detalhes ainda não foram revelados.

Os diálogos têm sido classificados positivamente, e o presidente Hassan Rohani, reconhecido pelo empenho em prol da democracia e da moderação.

Durante as conversações, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zairf, apresentou a proposta intitulada “Encerrar uma crise desnecessária, inaugurar um novo horizonte”, que foi considerada positiva pelo Ocidente para a continuação das conversações.

Teerã afirma acreditar que o caso nuclear iraniano possa se resolver em um ano, e durante este período, as sanções contra o país devem ser levantadas, de acordo com HispanTV, citando fontes da mídia europeia.

A proposta ainda é mantida em segredo, de acordo com Zarif, para a proteção da iniciativa diplomática contra a “sabotagem” de setores da esfera política persa que são contrários à negociação. Além disso, também tem como objetivo a prevenção contra especulações que podem ser prejudiciais ao ambiente construtivo e a demonstração de comprometimento e seriedade por parte do governo de Rohani.

Movimentação externa contra as negociações

Ainda que não haja relações diplomáticas entre Israel e os países árabes do Golfo Pérsico, vizinhos do Irã, a HispanTV cita informações de que as autoridades israelenses e árabes reúnem-se em segredo para coordenar posturas contrárias ao programa nuclear persa.

De acordo com o portal de noticias israelense Ynet, citado pela HispanTV, a rede de relações secretas se fortaleceu recentemente, depois da mudança no equilíbrio de poder no Oriente Médio, a favor da República Islâmica do Irã.

A boa acolhida internacional das posturas de conciliação do governo persa e da presidência de Rohani são exemplos do que é percebido por esses países como ameaças.

O portal israelense afirma que esses desenvolvimentos levaram alguns países árabes na região a considerar Israel como um aliado firme para a garantia dos seus interesses políticos e de segurança.

Com HispanTV,
Da redação do Vermelho