Paquistanesa rechaça ataques com drones em visita a Obama

Pouco mais de um de ano depois de ter sido baleada na cabeça, Malala Yousafzai, adolescente ativista pelos direitos à educação no Paquistão, foi recebida nesta sexta-feira (11), na Casa Branca, pela família Obama. No encontro com o presidente estadunidense, Barack Obama, a adolescente paquistanesa, que faz da tenacidade a sua arma, criticou os ataques com aviões não tripulados (drones) dos EUA contra a sua região natal.

Malala - Pete Souza / Reuters

Malala havia sido cotada para receber o Prêmio Nobel da Paz, pela sua reiterada afirmação de luta pelos direitos das crianças paquistanesas (especialmente das meninas) de receber educação. Seu ativismo foi visto como ameaça por alguns membros do grupo radical Talibã, que atacaram a adolescente com um tiro.

“Agradeci ao presidente Obama pelo trabalho dos Estados Unidos no apoio à educação no Paquistão e Afeganistão, e aos refugiados sírios”, revelou, num comunicado divulgado depois do encontro privado.

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Por outro lado, Malala deixou críticas àquela que é a principal estratégia de Washington contra os que classificam de "suspeitos de terrorismo" no Paquistão e no Afeganistão. “Manifestei também a minha preocupação com os ataques com drones, que fomentam o terrorismo. Vítimas inocentes são mortas nestes ataques que provocam também grande ressentimento entre o povo paquistanês.”

Para Malala, se os EUA concentrarem os seus “ esforços na educação isso terá um impacto muito maior” do que o recurso a intervenções armadas. Os ataques com drones dos Estados Unidos na região fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão já causou centenas de mortes inocentes, além de representarem uma violação à soberania dos dois países, já que os governos de ambos reiteram frequentemente o pedido de suspensão do uso desse recurso.

Num comunicado distribuído também depois do encontro, Obama elogiou Malala pela “inspiração e o trabalho apaixonado a favor da educação das meninas no Paquistão” e disse que os EUA se somam ao povo paquistanês para “celebrar a sua coragem e determinação, para promover o direito de todas as meninas a irem à escola e concretizarem o seu futuro”.

De visita aos Estados Unidos para promover a autobiografia "I’m Malala" ("Eu sou Malala", a resposta que deu ao homem que a baleou na cabeça), a adolescente paquistanesa foi distinguida quinta-feira (10) pelo Parlamento Europeu com o Prémio Sakharov para a liberdade de pensamento, e foi apontada como uma das favoritas ao Nobel da Paz, atribuído na sexta (11) à Organização para a Proibição das Armas Químicas.


Com informações do Público