EUA e Canadá espionaram Ministério de Minas e Energia do Brasil

Os serviços de espionagem dos Estados Unidos e do Canadá colaboraram para vigiar as comunicações do Ministério das Minas e Energia do Brasil. Documentos revelados pelo ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, Edward Snowden, ao jornalista do britânico The Guardian, Glenn Greenwald, mostram que os e-mails e as ligações telefônicas do ministério, inclusive com empresas dentro e fora do Brasil, foram espionados através do programa informático Olympia.

Dilma na ONU 2 - Roberto Suckert Filho/PR

Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro, deu uma entrevista à Globo, em que mostra como a NSA colaborou com o Centro de Segurança das Telecomunicações do Canadá para ficar com um registro das comunicações do ministério.

As principais informações sobre reservas minerais brasileiras são públicas, mas as informações estratégicas na perspectiva de contratos de exploração de petróleo, como a informação sobre os leilões para blocos de exploração e produção, são confidenciais.

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“As informações podem servir a empresas que concorram nesses leilões. Eu acho isso gravíssimo”, disse à Globo o ex-presidente da Eletrobrás, explicando que quem detém essas informações pode saber "antecipadamente o que vai acontecer nesses leilões". E lembrou que esses leilões movimentam bilhões.

Segundo a reportagem, não há indicação de que o conteúdo das comunicações tenha sido espionado. As escutas serviram para manter registros de quem falou com quem, onde e como. O ministro da pasta, Edison Lobão, disse tratar-se de “um fato grave que merece repúdio.”

Snowden expôs a extensão da espionagem dos Estados Unidos em outros países, e está exilado na Rússia. Documentos por ele revelados já tinham mostrado como a NSA, dos Estados Unidos, espionou as comunicações da presidenta Dilma Rousseff e entrou nos servidores do sistema informático da Petrobras.

Na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, Dilma Rousseff condenou a espionagem e denunciou uma "violação" do direito internacional e da soberania do país, que “afrontam” os princípios que regem as relações entre os Estados.

Neste domingo (6), a presidenta, que cancelou uma visita oficial a Washington em setembro, voltou a comentar na sua conta do Twitter a espionagem feita pelos Estados Unidos ao Brasil.

Afirmou ter recebido um livro do jornalista James Bamford sobre a NSA, publicado em 2008 (The Shadow Factory: The Ultra-Secret NSA from 9/11 to the Eavesdropping on America, sem tradução para o português), que mostra, segundo Dilma, que "a espionagem a cidadãos brasileiros (incluindo eu), companhias e ministérios ocorre há mais tempo" do que se pensava.

Dilma anunciou ainda a votação no Congresso, nas próximas semanas, da proposta de lei para proteger as comunicações no Brasil e “a privacidade dos brasileiros”, além do encaminhamento da questão no foro internacional, com o envio de uma proposta de regulação global da internet à ONU.

Com informações do Público