Sem negociação, greve nacional dos bancários continua 

Mesmo com a pressão dos bancos, a greve dos bancários cresce a cada dia. Nesta terça-feira (1º/10), a greve nacional dos bancários completa 13 dias, demonstrando a força de mobilização da categoria. Ao todo, nos 26 estados e no Distrito Federal, a paralisação já atinge exatamente 10.882 agências e centros administrativos, apesar da intimidação da Polícia Militar, a pedido dos bancos.

Na última sexta-feira (27/9), haviam sido paralisadas 10.633 dependências. Em relação ao primeiro dia da greve, em 19 de setembro, quando foram fechadas 6.145 agências, houve um crescimento de 76,1%. "A intransigência dos banqueiros deixa os bancários cada vez mais indignados. Eles apresentaram a única proposta há 25 dias, repondo apenas a inflação e ignorando as demais reivindicações econômicas e sociais. E silenciaram diante da carta enviada na sexta-feira pelo Comando Nacional manifestando a disposição de negociar uma proposta que atenda às demandas da categoria", afirmou o cetebista Alex do Livramento, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

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Ao contrário de negociar e apresentar proposta decente aos bancários, os bancos seguem desrespeitando o direito de greve dos trabalhadores, pressionando para que cheguem mais cedo ou, no caso de a agência estar fechada, para que procurem uma unidade aberta para trabalhar.

De acordo com denúncia do Sindicato, foi o que aconteceu no Bradesco da Praça da República, em São Paulo, em que os gestores orientaram todos os funcionários a chegar às 6h30, para evitar o contato com os dirigentes sindicais. Apesar de fechada para atendimento ao público, os bancários que foram à unidade foram forçados a permanecer dentro da agência.

Duas empregadas do Santander estavam saindo da agência paralisada com a missão de encontrar outro local para trabalhar. “A greve é importante porque estamos lutando por nossos direitos, mas o ideal é que a gente fosse pra casa porque vamos ter que sair daqui e achar um lugar pra trabalhar de qualquer jeito”, disse uma delas.

Passeata na Bahia

Os estados da Bahia e Sergipe alcançaram já a marca de 1.013 agências fechadas, com a expectativa de aumentar a cada dia. Número que representa 10% das unidades paradas em todo o país. Em quase todas as cidades, os trabalhadores estão de braços de cruzados.
 
 
Na base do Sindicato da Bahia, são 462 agências sem funcionar; de Vitória da Conquista, 69; de Feira de Santana, 33; de Ilhéus, 28; de Irecê, 37; de Jacobina, 28; de Jequié, 26; de Itabuna, 36; de Camaçari, 17; de Barreiras, 57; e de Juazeiro, 27. Um total de 820 agências fechadas na Bahia. Já em Sergipe, 189 unidades.  
 

Em assembleia realizada na noite desta segunda-feira (30), a categoria decidiu radicalizar ainda mais a greve, iniciada no último dia 19.

Nesta terça-feira, diretores do SBBA se reúnem com delegados sindicais para discutir a paralisação no Estado. O encontro acontece na entidade, nas Mercês. Na quarta-feira (02), às 18h30, no Ginásio de Esporte, Ladeira dos Aflitos, a categoria volta a se reunir em assembleia.

Quinta-feira (03), às 16h30, os bancários voltam a realizar uma grande passeata pelas ruas do Centro de Salvador. A participação dos trabalhadores é fundamental para pressionar os banqueiros e o governo a apresentarem uma proposta digna, com aumento real.

Em Sergipe, na capital, todas as agências do setor privado estão fechadas. No interior, estão fechadas 97% das agências dos bancos federais (BB, Caixa e BNB), ou seja, das 71 agências desse setor 69 aderiram à greve.

O Estado de Sergipe tem 213 agências de nove bancos: 177 (agências e postos) são do setor público (BB, Caixa, BNB, Banese) e 36 do setor privado (Itaú/Unibanco, Mercantil do Brasil, Bradesco, HSBC e Santander).

José Souza reafirma que a greve dos bancários não é apenas por reajuste salarial, é mais ampla. “A categoria tem denunciado as exigências por metas que estão adoecendo os trabalhadores dos bancos, as longas filas e a ausência de seguranças nas agências. As reivindicações são justas e os banqueiros tiveram lucros estratosféricos. Os patrões estão em plena condição de atender os itens da campanha salarial de 2013/2014”, afirma José Souza.

Em Vitória da Conquista, a base mantém o quadro elevado de adesão ao movimento com 71 unidades bancárias fechadas.

No Piauí, o sindicato avalia que o movimento grevista no Estado já alcançou 90% das agências e postos de atendimento. “Posso dizer que essa é a tendência mesmo o reabastecimento sendo promovido por terceirizados. O governo do Estado está pagando. Se normalmente, falta dinheiro nos caixas quando não estamos em greve, imagina agora”, conta representante da categoria.

Café da manhã

Em Cuiabá, para criticar a ganância dos banqueiros, os bancários fizeram um café da manhã, para ensinar os bancos a partilhar. Foram divididos para a população pães, bolos e frutas em sinal de partilha para demonstrar que é possível dividir.

A ação foi realizada em frente do Bradesco Centro e destacou que mesmo lucrando bilhões, os bancos como o Bradesco preferem desvalorizar os trabalhadores e desmobilizar as greves com interditos proibitórios. A greve nacional dos bancários soma 13 dias e ganha cada vez mais força em todo país.

Em Mato Grosso, aumenta o número de municípios que fazem parte do movimento de paralisação. Balanço do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso aponta 207 agências em greve nesta segunda-feira (30). O próximo balanço será divulgado na tarde de hoje (1º). Mesmo com interdito proibitório no Bradesco de Cuiabá, os bancários não se intimidaram e foram para rua em defesa de uma campanha nacional digna.

Os bancários comemoram mais uma negativa de pedido de interdito proibitório. Em sinal de desvalorização para com os trabalhadores, o HSBC de Cuiabá entrou com pedido de interdito e recebeu um "não" como resposta. O SEEB-MT também conquistou liminar onde impede que o Itaú de toda base proíba os bancários de lutar pelos seus direitos.

Em São Paulo

“A greve em São Paulo continua”, declarou o bancário Edson Oliveira, que participou, na tarde desta terça-feira (1º/10), da Assembleia da categoria realizada na Quadra dos Bancários.

Há quase duas semanas em greve os banqueiros não abriram negociação com os trabalhadores. “Este é o setor mais lucrativo do país e não nos oferecem nada”, exclamou Oliveira. 

De acordo com o dirigente os sindicatos continuam à frente das agências em grandes concentrações, ele informou que na próxima quinta-feira (3) os bancários protagonizarão uma caminhada em protesto num dos principais centros financeiros da cidade a Avenida Paulista a partir das 17 horas.

A categoria quer reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação), Participação nos Lucros e Resultado (PLR) de três salários mais R$ 5.553,15 e piso de R$ 2.860, o fim de metas abusivas e de assédio moral.

Fonte: Portal CTB com sindicatos