Comissões da Verdade estabelecem plano de atuação conjunta

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) vai estreitar a cooperação com as comissões estaduais e municipais. Entre domingo (29) e segunda-feira (30), membros das 26 comissões que apuram as violações de direitos humanos em estados e municípios estiveram reunidos com o colegiado nacional para estabelecer formas de atuação conjunta.

“Para ser um trabalho que tenha um conteúdo nacional, é que nós pedimos a presença dos representantes das comissões para que eles nutram a Comissão Nacional de informações, de dados, até mesmo para evitar duplicidade”, disse o coordenador da CNV, José Carlos Dias.

Dias assinou, durante o encontro, a convocação de quatro pessoas indicadas pelos grupos locais de apuração dos crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). “Nós podemos dar às comissões estaduais o apoio necessário para que sejam tomados os depoimentos de pessoas que eventualmente estejam se recusando a comparecer”, destacou.

Ele explicou ainda que apenas a Comissão Nacional tem o poder de convocação, contando, inclusive, com o apoio da Polícia Federal para fazer a condução coercitiva, se for o caso. Não foram revelados, entretanto, os nomes ou os locais onde os convocados deverão prestar esclarecimentos. “ Isso nós deixamos a critério das comissões estaduais, porque o elemento surpresa é importante”, disse.

Informações para o relatório final

Foi definido também o prazo de 3 de fevereiro de 2014 para que as comissões locais enviem as informações obtidas à CNV. Os dados serão então incluídos no relatório final da Comissão Nacional que, segundo Dias, já começou a ser elaborado. Inicialmente, o trabalho teria de ser finalizado até maio do próximo ano. No entanto, o coordenador informou que, “ao que tudo indica”, o prazo será prorrogado por mais seis meses.

Betinho Duarte, membro da recém-instalada Comissão da Verdade de Minas Gerais, acredita que com o auxílio da CNV será possível elucidar o caso do Massacre de Ipatinga. No episódio, que completa 50 anos no próximo dia 7, a Polícia Militar atirou na direção de operários que protestavam contra as condições de trabalho durante a construção da Usiminas. Segundo Duarte, a versão oficial contabiliza oito mortos, apesar de haver indícios de mais de trinta vítimas. “Nós temos certeza de que houve [mais mortos], mas só a Comissão Nacional da Verdade pode apurar isso”, destacou, sobre a possibilidade de abertura dos arquivos da Polícia Militar e da empresa.

Trabalho conjunto

Os trabalhos conjuntos serão facilitados também por uma rede social que será colocada na internet nos próximos dias e permitindo o compartilhamento de informações entre os membros das comissões de todo o país. “Uma espécie de Wikipedia, onde nós vamos trocar informações novas”, explicou a integrante da CNV, Rosa Maria Cardoso, sobre o sistema que só poderá ser acessado por membros de um dos grupos.

Fonte: Agência Brasil