Deputados querem federalizar investigações de morte no Pará

Parlamentares da comissão externa da Câmara que acompanha as investigações sobre o assassinato do tratorista Welbert Cabral Costa, vão pedir a federalização caso. Os deputados estiveram na última quarta-feira (18), em São Félix do Xingu, no sul do Pará. Para chegar aos mandantes do crime, o relator da comissão, deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP), quer acionar o Ministério Público e a Polícia Federal.  

Deputados querem federalizar investigações de morte no Pará - Ass. Protógenes Queiroz

"O nosso alvo, além dos pistoleiros, são os mandantes. Encontramos uma grande dificuldade da Polícia Civil de esclarecer esse caso até os mandantes; e do Judiciário também.” O relator da comissão, informou que já pediu dados oficiais à Secretaria de Segurança Pública do Pará.

De acordo com ele, a comissão deve-se reunir, nesta segunda (23) ou terça-feira (24), com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para informá-lo sobre os casos sucessivos envolvendo a Agropecuária Santa Bárbara e para que federalize esses crimes. “É uma situação para ser denunciada na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na Organização das Nações Unidas (ONU), porque estamos presenciando práticas medievais no Brasil, em período de democracia plena".

A comissão também pretende se reunir com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e com as centrais sindicais de trabalhadores.

A comissão externa da Câmara que investiga o caso trabalha com prazo indeterminado.

Novas denúncias

Na visita que fizeram à região, os deputados tiveram acesso ao inquérito da Polícia Civil do Pará e se reuniram com parentes das vítimas, trabalhadores rurais e vereadores de São Félix do Xingu. Os deputados também receberam novas denúncias da Pastoral da Terra e de sindicatos sobre trabalhadores rurais desaparecidos.

O tratorista, de 26 anos, foi morto com um tiro na nuca na fazenda Vale do Triunfo, pertencente ao Grupo Santa Bárbara, empresa ligada ao Grupo Opportunity, que tem entre os acionistas o banqueiro Daniel Dantas.

O crime ocorreu no dia 24 de julho, mas seu corpo só foi encontrado em agosto. Dois funcionários da fazenda foram presos, acusados de assassinato e ocultação de cadáver. Um deles confessou o crime e alegou legítima defesa.

Welbert teria ido à fazenda para cobrar R$ 18 mil de dívidas trabalhistas. Insatisfeitos com o andamento das investigações, a família e os amigos da vítima chegaram a fazer manifestações em Belém.

Muitos casos

Um vereador de São Felix do Xingu disse que muitos casos estão diretamente ligados à Agropecuária Santa Bárbara. "Falou que na fazenda existe um lago apelidado de 'justa causa'. A cidade inteira sabe que existe esse lago na fazenda e há várias vítimas que foram jogadas nesse lago: as vítimas são mortas com requinte de crueldade. E isso tudo não é conflito agrário, é originado de conflitos trabalhistas", contou Protógenes.

Em nota, a Agropecuária Santa Bárbara já havia afirmado que "não coaduna, não avaliza, não acoberta, não aprova qualquer atitude ilícita" e que repudia acusações, que classifica de "falsas" e "injustas".

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara