Nos EUA, chanceler brasileiro cobra explicações sobre espionagem

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, reúne-se nesta quarta (11) com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington. O chanceler foi pessoalmente cobrar as explicações prometidas pelo presidente norte-americano, Barack Obama, à presidenta Dilma Rousseff sobre as denúncias de espionagem envolvendo o monitoramento de autoridades e cidadãos.

Nos últimos dias, a expectativa em torno da reunião aumentou com as denúncias de que a Petrobras também foi alvo de espionagem por agências norte-americanas. Em nota, a presidenta reagiu às suspeitas, informando que o motivo das tentativas de violação e de espionagem de dados do Brasil não tem relação com a segurança ou o combate ao terrorismo, mas com interesses econômicos e estratégicos.

“Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.” Anteriormente, a presidenta havia cobrado de Obama, durante reuniões paralelas da cúpula do G20 (que engloba as maiores economias mundiais) em São Petersburgo, na Rússia, explicações sobre o monitoramento de dados pessoais dela, de assessores e cidadãos brasileiros.

Em visita ao Brasil, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, argumentou que o monitoramento feito pelos Estados Unidos tem objetivos de “segurança e combate ao terrorismo”. A presidenta disse que Obama prometeu responder às perguntas encaminhadas pelo governo do Brasil. De acordo com Dilma, se for necessário ela voltará a conversar com Obama.

“O presidente declarou para mim que assumia a responsabilidade direta e pessoal pelo integral esclarecimento dos fatos e que proporia, para exame do Brasil, medidas para sanar o problema”, disse a presidenta, em entrevista coletiva.

Nas duas últimas semanas, houve uma série de pedidos por informações aos Estados Unidos, reforçados pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Figueiredo. Em meio à expectativa pelas informações, a presidenta deixou em aberto a possibilidade de viajar, em 23 de outubro, para Washington, com honras de chefes de Estado.

CPI

O Senado brasileiro também reagiu à violação estadunidense à soberania do país. Na última terça-feira (3) foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foi eleita presidente da comissão. Em nota divulgada também na última terça (3), as bancadas do PCdoB na Câmara e no Senado repudiaram as ações de espionagem do governo dos Estados Unidos. 

“Esta é uma prática gravíssima que afeta o fundamento das relações entre Estados soberanos, que vem causando forte indignação ao nosso povo. A bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados e no Senado Federal vem repudiar tais práticas ilegais perante o direito internacional e às regras da diplomacia, equivalendo a uma ação de hostilidade ao Estado e ao povo brasileiros e que ofende, também, a todos os demais Estados nacionais.”

Renato Rabelo

Em entrevista à Rádio Vermelho no último dia 7 de setembro – Dia de Independência do Brasil – o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, afirmou que a denúncia contra o governo dos EUA é um caso exemplar da violação dos direitos internacionais.

“Acredito que seja uma questão importante, principalmente nesta época de comemoração da nossa independência. Nós vivemos em um mundo que é instável e muito perigoso e é isso que nosso Partido tem dito, porque por parte do imperialismo, sobretudo das grandes potencias capitalistas, nós vivemos uma realidade que para os Estados Unidos não existe, o direito internacional, a carta das Nações Unidas não são levados em conta, mesmo as decisões do Conselho de Segurança da ONU também não são levadas em conta. Os Estados Unidos agem por conta própria. Como se fossem a polícia do mundo”, disse Renato.

Da Redação com informações das agências