Senador boliviano deixa Brasília para evitar uso político do caso

O senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava em Brasília desde sua fuga da embaixada brasileira em La Paz, se refugiou em uma casa no interior de Goiás. Nesta segunda-feira (2), a ministra boliviana de Comunicação, Amanda Dávila, informou que uma comissão de alto escalão do governo boliviano apresentará a documentação das acusações contra o senador ao Ministério Público do Brasil.

Na última quinta-feira (29), a Procuradoria Geral da Bolívia solicitou à Interpol a emissão de uma “notificação vermelha” para a prisão de Roger Pinto

De acordo com a ministra, se o Conselho Nacional do Refugiado definir que o refúgio do senador não é possível porque há antecedentes na área judicial na Bolívia, o caso não competirá somente ao governo brasileiro e as autoridades têm que expulsar Pinto e isso não é nenhum pedido de extradição, esclareceu Dávila.

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Refúgio no interior

A transferência de Molina para o interior do país foi tomada por seu advogado Fernando Tibúrcio para evitar a “politização” de seu caso. Ele deverá ficar lá até que o governo brasileiro defina a sua situação.

“O senador está bem de saúde e confiante que em breve a situação dele de asilado político será definida pelo governo brasileiro. Ele quer que seus direitos de asilado sejam garantidos”, disse Tibúrcio à Agência Brasil. “Mas o que nos preocupa, e por isso ele ficará fora de Brasília por alguns dias, é a politização do caso, que pode atrapalhar o debate técnico e jurídico”.

Tibúrcio admitiu na sexta-feira (30) à Agência Efe que teve “conversas preliminares” com embaixadores de outros dois países, sem revelar quais, para explorar a possibilidade de pedir asilo para seu cliente. Mas Roger Pinto preferiria ficar no Brasil, onde mora sua família desde que entrou na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012 e recebeu asilo diplomático dias depois.

Interpol

A Procuradoria Geral da Bolívia anunciou na última quinta-feira (29) que solicitou à Interpol a emissão de uma “notificação vermelha” para a prisão de Roger Pinto.

O procurador-geral interino, Roberto Ramírez, explicou que a solicitação foi enviada após uma “avaliação de todos os processos e mandados de prisão contra o senador” e lembrou que existem três ordens de prisão contra Roger Pinto como parte de alguns dos processos abertos pela justiça local por casos de corrupção.

Segundo a promotoria boliviana, quando uma “notificação vermelha” é emitida contra uma pessoa, isso significa que foi enviada uma solicitação para todos os países para que o identifiquem e localizem para uma posterior prisão preventiva e extradição.

O Itamaraty, no entanto, afirma não ter recebido nenhum pedido oficial do governo da Bolívia.

Entenda o caso:

Há uma semana, Pinto Molina deixou a Embaixada do Brasil na Bolívia, onde ficou por 455 dias para não se apresentar à justiça boliviana, perante a qual foi sentenciado a um ano de prisão por danos econômicos ao Estado calculados em US$ 1,7 milhões.

A retirada do senador da embaixada pelo encarregado de Negócios (equivalente a embaixador provisório) do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia, desencadeou uma crise política, levando à substituição do então chanceler Antonio Patriota por Luiz Alberto Figueiredo Machado.

Saboia assumiu a responsabilidade de conduzir a retirada do boliviano. Porém, para setores do governo, como a decisão foi tomada aparentemente de forma pessoal, houve quebra de hierarquia. O governo boliviano trata Pinto Molina como acusado em mais de 20 crimes envolvendo corrupção e desvio de recursos públicos e considera sua saída do país como uma fuga.

Da Redação do Vermelho,
com agências