Dia mundial contra testes nucleares recobra tratado engavetado

A Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (29), marcou o Dia Internacional Contra os Testes Nucleares, e o seu secretário-geral, Ban Ki Moon, instou todos os países que ainda não assinaram e ratificaram o Tratado Geral de Proibição dos Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês) a fazê-lo, "para que se alcance o objetivo de um mundo mais seguro e protegido".

Teste nuclear dos EUA em 1946 - CTBT

Em sua mensagem, pela ocasião do Dia Internacional Contra os Testes Nucleares, comemorado todos os anos, Ban disse que “embora 20 anos tenham se passado desde o início das negociações, na Conferência do Desarmamento, por um Tratado Geral de Proibição dos Testes Nucleares (CTBT), o documento ainda não entrou em vigor”.

As declarações e um histórico detalhado dos testes nucleares pelo mundo estão em foco na página da comissão da ONU para o tema. A organização conta com uma Comissão Preparatória para o CTBT para o monitoramento das atividades dos países signatários.

Ban afirmou que “não há bases justificáveis para mais adiamento” da entrada em vigor do CTBT. Além disso, “já é hora de impedir mais efeitos horrendos, humanos e ambientais, causados pelos testes nucleares, através de uma proibição global, com os meios mais confiáveis possíveis de conquistar este desafio”.

"O Dia Internacional marca os esforços da ONU e uma crescendo comunidade de ativistas, inclusive entre os Estados membros da organização, organizações não governamentais (ONGs), intelectuais e entre a mídia, para a conscientização sobre a importância da proibição dos testes nucleares", lê-se na página oficial da comissão.

A Assembleia Geral da ONU escolheu o dia 29 de agosto como a data anual de comemoração porque ele marca o momento em que, em 1991, um dos maiores sítios do mundo de testes nucleares, em Semipalatinsk (Cazaquistão), foi fechado permanentemente.

"Com o objetivo de estabelecer uma proibição global permanente e verificável de todos os tipos de testes nucleares explosivos, o CTBT tem um apoio quase universal, mas ainda precisa entrar em vigor", afirma a página oficial da comissão preparatória para o tratado. O secretário-geral é o depositário do tratado, que atualmente, é assinado por 183 Estados e ratificado (ou seja, aprovado internamente) por 159, mas são necessários mais oito ratificações para que entre em vigor.

“Os oito Estados que ainda faltam ratificar são necessários para que o tratado entre em vigor e têm uma responsabilidade especial; nenhum deveria esperar que os outros ajam primeiro. No meio tempo, todoso os Estados deveriam manter ou implementar uma moratória contra explosões nucleares”, ressaltou Ban na mensagem.

Países como Israel (com quatro estruturas ligadas aos testes nucleares) e os Estados Unidos (com 50 locais) assinaram o tratado, mas não o ratificaram, e armazenam grandes quantidades de ogivas nucleares.

Vídeos dos primeiros testes nucleares dos EUA, na década de 1940, são postados na página da comissão da ONU, na sessão "aniversários infames", como o das explosões realizadas no Atol de Biniki (Ilhas Marshall, no Pacífico), em 1946. Em 1997, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) relatou que o Atol de Bikini ainda era inabitável, devido às consequências da contaminação nuclear.

Entretanto, países como estes acusam frequentemente a República Popular Democrática da Coreia (que admite possuir este recurso para a autodefesa, como elemento dissuasor a ataques estrangeiros) e a República Islâmica do Irã (que nega possuí-lo e autoriza visitas frequentes da AIEA para inspecionar o seu programa nuclear, que afirma ter fins civis) de investir na produção de armas nucleares e de planejarem ataques.

Neste mês, também foram marcados os dias em que os Estados Unidos bombardearam Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 6 e 9 de agosto de 1945, com um saldo de 200.000 mortes instantâneas e consequências graves para o resto da população sobrevivente e para o ambiente. 

Com informações da Comissão Preparatória para o CTBT,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho