Comunistas italianos fazem apelo contra guerra na Síria 

O Partido dos Comunistas Italianos publicou em sua página na Internet uma nota condenando os preparativos das potências imperialistas da Otan para uma guerra de agressão à Síria, e conclamando a uma ampla mobilização em solidariedade ao país árabe e pelo relançamento do movimento pela paz. Leia a íntegra. 

Enquanto a frota naval dos Estados Unidos se dirige ao Mediterrâneo oriental, cada vez mais insistente e ameaçadora, elevam-se as vozes por uma intervenção armada “humanitária” das potências ocidentais – com os velhos colonialistas franceses e ingleses a fazerem o gênero de pioneiros – contra a Síria…

A Síria é um país que constitui uma barreira contra o expansionismo estadunidense no Oriente Médio e contra o projeto sionista do “Grande Israel”. Há dois anos e meio está em curso uma guerra dos rebeldes contra o governo de Assad, em uma escalada mortal, sustentada e alimentada do exterior – um bloco explosivo dos países da Otan, das petromonarquias árabes, neo-otomanistas turcos – com o abastecimento em armas e a participação direta sempre mais invasiva dos “instrutores” e da inteligência franceses e anglo-americanos (a notícia foi recentemente divulgada até mesmo pelo parisiense “Le Figaro”).

Incapazes de vencer no terreno as forças do governo, que gozam – apesar de algumas cedências às políticas neoliberais nos últimos anos – de um enraizamento social e de um apoio popular, os rebeldes buscam afanosamente construir o “casus belli” para fomentar a intervenção direta das potências da Otan, com os Estados Unidos à frente.
Agora, como aconteceu há dez anos para justificar a agressão ao Iraque (recorde-se aqui a comédia na assembleia da ONU de Colin Powell que brandia uma proveta vazia como “prova” das armas em posse de Saddam Hussein), agita-se o espectro do uso das armas químicas e se constrói sobre a pele da população civil a terrível prova do seu uso.

É uma velha e difundida prática, amplamente experimentada na guerra iugoslava dos anos 1990, de Saraievo a Raciak, que abriu o caminho para a “guerra do Kosovo” de 1999. Não é por acaso que o “modelo Kosovo” seja hoje explicitamente reivindicado. Na época, a Otan interveio na primavera de 1999 contra a Federação iugoslava da Sérvia e Montenegro sem a legitimação formal do Conselho de Segurança da ONU, conduzindo uma guerra terrorista de bombardeios cada vez mais violentos da aviação contra a população civil e as obras essenciais de infraestrutura – pontes, estradas, aquedutos, hospitais, escolas … A guerra, longe de ser a solução para os problemas sociais, econômicos, políticos, de convivência entre etnias e confissões religiosas diversas no Mediterrâneo oriental, não faria mais do que agravá-los.

É necessário mobilizar-se:

– Contra uma intervenção militar das potências da Otan na Síria, que, além de aumentar desmesuradamente o número já elevadíssimo das vítimas da guerra, além de ser execrável como agressão externa contra um país soberano, não teria outro resultado senão agravar e tornar ainda mais instável e explosiva a situação de toda a região, com riscos elevadíssimos de extensão do conflito, como de muitos lugares se adverte (veja-se a declaração do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro);

– Contra a participação em qualquer forma (inclusive o uso do nosso território e do espaço aéreo) da República Italiana para agredir a Síria; reivindicamos a aplicação do artigo 11º da Constituição;

– Para relançar o movimento pela paz, pela redução das despesas militares: é gravíssimo que na pior crise econômica que a história da República já conheceu, não se faz economia quando se trata de despesas militares, como demonstra a compra dos caças-bombardeiros F35.

Fonte: http://www.comunisti-italiani.it/
Tradução de José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho