Guerrilha do Araguaia: Pesquisadora da UFT recebe prêmio nacional

A tese de doutorado da professora Patrícia Mechi, do curso de História do Câmpus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins (UFT), foi uma das vencedoras do prêmio de pesquisa Memórias Reveladas, promovido pelo Arquivo Nacional do Ministério da Justiça.

O concurso é voltado para monografias com fontes documentais referentes ao período do Regime Militar no Brasil. Os trabalhos premiados serão publicados em formato de livro em 2014, por ocasião dos 50 anos do golpe militar no país.

A obra, intitulada "Protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na guerrilha", foi defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "A pesquisa sobre a guerrilha do Araguaia, que resultou na tese, surgiu de uma demanda dos alunos que traziam questões difíceis de serem respondidas, dada a escassez de estudos sobre a ditadura civil-militar na região do Tocantins", explica a professora.

A partir daí, Patrícia realizou, de 2008 a 2012, pesquisas de campo com os camponeses do Araguaia, e também com ex-guerrilheiros como José Genuíno Neto e Zezinho do Araguaia. "Pude contar também com mais de mil páginas documentação militar que estava de posse do general Antônio Bandeira, que atuou na repressão à guerrilha", conta Patrícia, ressaltando que a tese resultou em um grande projeto de pesquisa o qual envolveu alunos de graduação e especialização. "Além de realizarem seus próprios trabalhos sobre o tema, eles participaram do levantamento de fontes".

A professora ressalta que a premiação é um reconhecimento não apenas individual, mas principalmente a um esforço coletivo que está sendo feito no Tocantins, pela UFT e pela sociedade, para dar visibilidade aos temas da Ditadura – em especial na questão da violência contra camponeses. "Temos alunos e professores envolvidos em trabalhos de pesquisa que abordam essas temáticas, como a professora Aline Salles do curso de Direito, que atua no caso da guerrilha do Araguaia; o professor Euclides Antunes, com os trabalhos em torno da digitalização e pesquisa no acervo da Comissão Pastoral da Terra – Xinguara. Além disso, há um forte envolvimento social, através do Comitê Memória, Verdade e Justiça, o Centro de Direitos Humanos de Porto Nacional e de Palmas, todos integrando o esforço de investigar a ditadura na região. O prêmio, mais do que um reconhecimento individual, é importante para o coletivo de pessoas da universidade e dos movimentos sociais que debruçam-se sobre um tema doloroso, que é recuperar as memórias da repressão, dos desaparecimentos políticos, da tortura e de diversas violações dos direitos humanos que ocorreram aqui". (Thomás Müller – Site UFT)