Assange: O mundo está em dívida com delator da espionagem dos EUA

Julian Assange, fundador da organização de divulgação de documentos diplomáticos e militares secretos WikiLeaks, afirmou neste domingo (11) que a população mundial está em dívida para com o analista informático Edward Snowden, que aponta como responsável pela reforma do programa de espionagem anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nesta sexta-feira (9).

Julian Assange - Stefan Wermuth / Reuters

Para Assange, as medidas avançadas por Obama "validam o papel de Edward Snowden" como "whistleblower" (alguém que denuncia ações possivelmente ilegais ou desonestas por parte de uma organização ou instituição, como o governo do Estado).

"Estão surgindo reformas, e o presidente e o povo norte-americanos, assim como a população mundial, estão em dívida para com Edward Snowden", disse Assange. Sem as denúncias deste antigo analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da Agência Central de Inteligênica (CIA) norte-americanas, os programas de vigilância e espionagem dos Estados Unidos não teriam sido revistos, considera.

Na sexta-feira (9), o presidente Barack Obama anunciou "quatro passos concretos" para tornar o programa de vigilância da Agência de Segurança Nacional "mais transparente" e para transmitir "mais confiança" aos cidadãos norte-americanos.

Ao sublinhar que não considera o jovem norte-americano um "whistleblower" e, por isso, não merecedor de proteção legal, o presidente dos Estados Unidos acabou por reconhecer que a "reavaliação" dos programas de vigilância que anunciou foi "apressada" pelas revelações do antigo analista contratado pelas agências de inteligênciado país.

Para a Casa Branca, a fiabilidade dos programas de vigilância não levantam dúvidas, mas a "falta de confiança" do povo americano tornou necessária a aprovação de medidas que "reforcem a transparência".

"Não é suficiente que eu, como presidente, tenha confiança nestes programas; o povo americano também precisa de se sentir confiante", afirmou Barack Obama.

Entretanto, além dos cidadãos estadunidenses, diversos países do mundo, aliados e afetados ou não pelos programas de espionagem dos EUA também denunciaram a prepotência norte-americana e a ação ilegal de invasão da privacidade e da própria soberania alheia, e pediram por isso esclarecimentos e explicações.

O próprio Julian Assange é também perseguido por países como os Estados Unidos, o Reino Unido e outros, pelas publicações de documentos secretos igualmente reveladores sobre a conduta de diversos governos, não apenas o estadunidense, que levaram grupos de observação a exigirem mais transparência sobre a política internacional. Assange está há mais de um ano asilado na Embaixada do Equador na Inglaterra, para evitar que seja extraditado.

Com informações do Público