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Jerônimo De Boni: O papel do PCdoB na atual conjuntura

A visão de que a luta para uma transição para o socialismo ao nível dos países não teria mais viabilidade nos parece equivocada, pois as lutas nas instituições do capitalismo internacional são muito lentas e enfrentam grande resistência da classe econômica conservadora com o surgimento e reaparecimento de forças de extrema direita, principalmente na Europa, onde a crise do capitalismo se faz mais forte a avassaladora.
Por Jerônimo de Boni*

Os movimentos de instituições, como o FMI, que para dar auxílio exige forte ajuste fiscal e politicas econômicas que têm efeito negativo direto aos trabalhadores. Cada estado tem peculiaridades específicas no sentido político, econômico, cultural e principalmente social. No que tange a nação brasileira os governos progressistas que tiveram a participação do PCdoB a partir de 2002 mostraram um avanço considerável das classes baixas, inflando uma classe média que sendo “trabalhada” pela imprensa culminou nas desfocadas “manifestações de junho”. Os manifestos iniciaram legitimados em cima de uma luta por um pacto nacional de mobilidade urbana, que se faz cada vez mais necessário devido ao aumento da renda e das condições de vida do povo brasileiro. Aproveitando esta mobilização de massas a classe média pequeno-burguesa tradicional foi às ruas reivindicando o movimento sob a motivação principal da “luta contra a corrupção” e responsabilizando integralmente os governos progressistas por isto. Esta insuflada classe média, se utilizou deste movimento para manifestar todo o descontentamento com vários avanços que tivemos, como: O direito do filho do pobre frequentar a universidade juntamente com o filho do doutor; o direito da classe baixa construir com subsídios estatais a sua casa própria e não pagar mais o absurdo aluguel de propriedades arcaicas localizadas em guetos; A possibilidade que o povo tem agora de viajar de avião, até para o exterior, transformando os aeroportos em verdadeiras “rodoviárias”; A obrigação de agora ter que pagar os direitos trabalhistas às domésticas que viviam em situação de semi-escravidão, entre tantos avanços econômico-sociais.

A principal função do partido é hegemônica, isto é, a de direção (influência e orientação) política e cultural das massas, da sociedade e, na última fase do processo, do Estado. Esta função deve ser feita através das claras informações, sem qualquer inocência no todo do processo, pois vivemos situação análoga na situação de pré-golpe de 1964. Hegel já alertava que “A história se repete, pelo menos duas vezes.”, porém completando, Marx escreveu que “A primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.”.

É importante preservar taticamente as condições de liberdade que permitam o avanço democrático para o socialismo e para isso a atuação do partido no que tange a influência das massas é deveras importante e crucial para que exista, inevitavelmente, o processo de transição. Essa preservação deve partir do partido, de forma afirmativa, orientando a totalidade dos seus militantes a fazer parte deste processo, vislumbrando a estratégia partidária, colaborando para a construção do socialismo. A atuação partidária será principalmente de propaganda junto à população, através da reafirmação de nossas políticas e acumulação de forças, tanto na exposição de quadros eleitorais como com a reacumulação de forças nos movimentos sociais.

Jamais devemos esquecer a importância e influência sobre os povos, de eventos e intervenções culturais e políticas transversais ao sistema capitalista. Mas não restam dúvidas de que as classes e camadas subalternas e suas lideranças podem estruturar-se e desenvolver um conjunto de ações políticas e de lutas, que permitam uma progressiva acumulação de forças com o propósito estratégico do seu acesso ao poder político, sem o qual não há mudança de estruturas possível.

*Jerônimo De Boni é militante e coordenador da Base de Educação e Cultura do PCdoB de Passo Fundo-RS.