Palestinos relatam violações israelenses e expectativas de paz

As declarações de vários oficiais estadunidenses, israelenses e palestinos sobre os chamados “esforços de paz”, após o anúncio da retomada das negociações, nesta segunda-feira (29/), foram o foco dos três diários árabes publicados na Palestina, nesta quinta (1º/8). O balanço é feito pela agência palestina de notícias, Wafa.

Soldada israelense - AFP / Hazem Bader

O jornal Al-Quds citou dois oficiais norte-americanos em Washington, que reafirmaram a posição (ainda que retórica) dos Estados Unidos contra a construção de colônias israelenses nos territórios palestinos, mas que o país não pressionará Israel neste sentido.

Al-Hayat al-Jadida citou a representante israelense nas negociações, a ministra da Justiça Tzipi Livni, ao que afirmar que se sente encorajada pelas conversações de paz, apesar das afirmações do secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Abed Rabbo, que disse esperar grandes dificuldades.

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O jornal também citou, na mesma manchete, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, otimista, que disse que um acordo de paz definitivo está dentro do alcance, e Al-Ayyam citou o cônsul-geral dos Estados Unidos em Jerusalém, Michael Ratney, sobre um texto acordado com os termos de referência para as negociações e a sua condução, mas não deu mais detalhes.

Al-Ayyam também mencionou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o partido de ultra-direita Lar Judeu (contrário às negociações), com um acordo para o aumento das atividades de colonização em troca da libertação dos prisioneiros palestinos, anunciada na semana passada. O diário também informou que um soldado judeu foi sentenciado a dois meses de prisão por espancar brutalmente a trabalhadores palestinos, em 2009.

Já o diário Al-Quds noticiou sobre o anúncio do Banco Mundial para um apoio financeiro de cinco milhões de dólares para os serviços sociais na Palestina.

Além disso, informou que a Suprema Corte israelense autorizou o Exército a demolir cerca de 20 lojas no campo de refugiados Shufat, perto de Jerusalém, para expandir um posto de controle militar. Em outra notícia do mesmo diário, o Exército israelense emitiu novas ordens de demolição de diversas residências na área de Toubas, no Vale do Jordão (Cisjordânia).

Al-Hayat al-Jadida foi o único jornal que noticiou sobre a visita de uma delegação palestina ao parlamento israelense, o Knesset, e sobre a sua reunião com oficiais israelenses.

A retomada das negociações entre palestinos e isralenses, com a mediação dos Estados Unidos, tem sido acompanhada com apreensão, além de grande ceticismo por parte de diversos grupos que têm assistido à falta de compromisso de Israel com uma solução definitiva para o conflito, especialmente com o estebelecimento do Estado palestino independente.

Entretanto, a urgência de uma resolução valida o empenho das autoridades palestinas em negociar, mesmo que com grande desconfiança da recíproca isralense e dos "esforços" estadunidenses.

Com Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho