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Walter Sorrentino: O tema Partido no 13º Congresso

Em meio à agudeza da situação política atual, que emula o debate das proposições do documento aprovado para o 13º Congresso, indispensável não perder de vista o tema partido. Não como algo alheio ao curso político, mas intimamente imbricado à superação das contradições presentes nesta transição representada pelo ciclo político do decênio.

A própria metodologia do enfoque da questão partido, no documento, é expressão dessa exigência: partido é sua intervenção política, partido é ideologia, partido é organização, e tudo precisa pressupor sua construção em patamar superior. Essencialmente porque um PCdoB mais forte é necessidade inerente para o projeto socialista para o Brasil.

Uma síntese da questão está contida no documento. Naturalmente, destaca-se a potencialidade para maior vigor partidário no próximo período. Ao mesmo tempo, atenta-se para aquilatarmos as virtudes e vicissitudes do crescimento, que implica em manter vigilância sobre o caráter do partido.
Concretamente, isso se expressa hoje em manter o rumo que está sendo trilhado, mas dar um passo adiante, qual seja, de apontar para o PCdoB como uma corrente efetivamente de opinião pública e ação política de massas, unido e combativo, que constitua progressivamente um eleitorado próprio maior, expressão de representação política e social dos trabalhadores, do povo, da juventude e das mulheres brasileiras.

Isso envolve todas as frentes partidárias, não apenas a frente “eleitoral”. As vias de acumulação de forças – a luta política, social e de ideias – não são raias próprias, independentes uma das outras, mas a serviço daquela ideia-força. E é também a essa exigência política que devemos ligar a questão de dar vida militante de base cada vez mais consequente ao partido, no espírito do 7º Encontro sobre Questões de Partido. Isso quer dizer conferir de fato projeto político, pauta e agenda permanente às bases, sob a liderança de quadros de base essencialmente voltados a essa responsabilidade, como tarefa principal de suas militâncias.

Sem bases desse tipo não se produz aderência maior da base social ao projeto político partidário, não se reconstroem redutos eleitorais, se revivificam as inserções de partido junto ao povo, que vive grandes transformações sociais e de sua própria consciência política. Ao mesmo tempo, as orientações políticas, a par de sua incidência na vida política nacional, precisam pressupor também estimular e emular a atuação das bases militantes.

No outro vértice, o documento aponta para reforças os contrapontos contra as pressões pelo rebaixamento do papel estratégico do partido, tema dos dois últimos Congressos. A consequência maior extraída é que, nas três vias de acumulação de forças, a construção partidária representa como que o quarto pilar, indispensável, para que se possa avançar na atual transição vivida no país. Isso envolve todos os quadros partidários, sobremodo suas lideranças políticas – e não apenas os quadros “organizadores” – , que precisam sustentar tal discurso.

As vicissitudes são apontadas como situações objetivas derivadas da realidade política concreta do país, bem como das opções políticas feitas pelo partido e também como deficiências e insuficiências do trabalho realizado. São patentes e carecem de maior enfrentamento, desde uma reforma política de fato democrática, até os esforços de direção partidária. Para isso são reiterados os esforços de maior trabalho de formação política e ideológica centrado no Programa Socialista e no Estatuto – com seus fundamentos de princípios – e tira-se nova consequência, qual seja a de intensificar o controle político da vida partidária, mediante um trabalho de direção geral mais voltado a isso por parte das comissões políticas, e um trabalho de direção concreto mais intensivo por parte do setor de organização, que deve ser fortalecido em todo o partido.

Mais uma vez fica claro, em termos da luta pelo caráter e papel do PCdoB na realidade atual, que mais que tudo isso depende de induzir a Política de Quadros como centro da direção organizativa, seja a de direções comprometidas, fortes e coesas em torno do projeto político, seja a de vida militante de base para referenciar a vida estruturada do partido de modo mais permanente.

Essa é uma síntese do que se propõe ao debate. Só o saber coletivo pode nos levar a novo patamar de formulação, necessário ao fortalecimento do PCdoB em todas as esferas.

Walter Sorrentino é secretário nacional de organização do PCdoB.