UNEGRO completa 25 anos; confira história da entidade

O próximo domingo (14/7) é uma data importante para a União de Negros pela Igualdade (UNEGRO). A entidade, que trava uma luta contra a discriminação racial em 23 estados, incluindo a Bahia, completa 25 anos de atuação, com um legado de conquistas de promoção da igualdade.

Em homenagem à UNEGRO, o Vermelho traz um histórico da entidade nas duas décadas e meia. O texto foi elaborado pela seção baiana da união. Confira.

“A União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) é uma entidade de expressão nacional, fundada em 14 de julho de 1988, na cidade de Salvador. Hoje está organizada em 23 (vinte e três) Estados da Federação e no Distrito Federal (RO, RR, AM, AP, AC, PA, TO, SP, MG, ES, RJ, MT, MS, RS, MA, BA, AL, PI, SE, PE, CE, RN, SC e DF). Compõe o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR, Conselho Nacional de Saúde e o Conselho Nacional de Políticas de Juventude – CONJUVE.

Na Bahia está organizada nos municípios de Camaçari, Simões Filho, Dias D’Ávila, Feira de Santana, Conceição do Almeida, Santo Amaro da Purificação, Cruz das Almas, Valença, Ilhéus, Terra Nova, São Sebastião do Passé, Caetité, Salinas da Margarida, Itabuna, Paulo Afonso e Salvador.

A UNEGRO tem intensificado sua ação na busca de alternativas sociais e políticas de combate ao racismo, preconceito, discriminação racial imposto à população negra, bem como na busca de justiça social a todos – indistintamente. Essa intensificação se dá através de formulação de diagnóstico e propostas para superação do racismo, ações comunitárias, articulação em fóruns do movimento social e do movimento negro, participação nos conselhos paritários – governo e sociedade civil – de formulação política para promoção da igualdade racial.

A organização completa 25 anos, forjados na batalha incessante contra o racismo, as desigualdades de gênero e de classe social. É uma organização cuja trajetória não se perde um instante na defesa do exercício pleno da cidadania pela população negra brasileira, compromisso firmemente concatenado com o fortalecimento da democracia e o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Esta convicção política sustenta as raízes do nosso crescimento, respeitabilidade e aliança com amplos setores progressistas da sociedade, com o firme propósito de construção de uma sociedade com mais democracia, livre, justa e solidária.

São Objetivos da UNEGRO:

Lutar contra o racismo em todas as suas formas de expressão;

Empenhar-se na preservação e desenvolvimento da cultura negra;

Defender o livre direito de escolha da orientação sexual dos homens e mulheres negras;

Defender os direitos culturais da população negra;

Externar solidariedade e apoio à luta dos povos africanos e povos oprimidos de todo o mundo;

Lutar pelo exercício da cidadania em todos os setores da vida social do país;

Defender de uma sociedade justa, fraterna, sem exploração de classe, de raça ou baseada na exploração entre os sexos.

MEMÓRIAS DE AÇÕES IMPORTANTAES:

A UNEGRO participou ativamente de várias ações do Movimento Negro Brasileiro e do Movimento Popular, desde sua fundação, em julho de 1988, sua intensa participação e formulação de propostas que contribuiu para que hoje o racismo e a desigualdade entre negros e brancos sejam assumidos como algo importante a serem superados pelo Estado Brasileiro.

Dentre as ações importantes que vêm perseguindo o fim do racismo, da discriminação e do preconceito racial, podemos citar:

Em novembro de 1989 realizou o Seminário EM DEFESA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, com o objetivo de envolver entidades do movimento negro e do movimento popular em torno da defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente que acabara de ser criado em período recente;

Em setembro de 1989 a UNEGRO, GRUPO CULTURAL OLODUM e APLB – SINDICAL se uniram e apresentaram uma EMENDA POPULAR à Assembléia Estadual Constituinte propondo a criação do capítulo do negro na Constituição com quatro artigos que abordavam a discriminação racial sobre diferentes aspectos. Destes, três artigos foram aprovados;

Em agosto de 1990 a UNEGRO realizou o I SEMINÁRIO CRIANÇA AIDS, pretendendo chamar a atenção da sociedade e informar sobre o crescimento da incidência da AIDS na população infantil;

Em novembro de 1991 a UNEGRO participou da Comissão Organizadora do I ENEN (ENCONTRO NACIONAL DE ENTIDADES NEGRAS) que deliberou pela criação da CONEN (Coordenação Nacional de Entidades Negras), da qual a UNEGRO tornou-se membro da sua estrutura de direção. O principal legado do I ENEN para as organizações do movimento Negro Brasileiro foi à valorização da unidade, em torno da luta contra o racismo, acima das diferenças ou divergências, a partir daí sucederam várias ações coletivas do Movimento Negro Brasileiro.

Em 1990 foi Fundada a UNEGRO em São Paulo, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.

Em julho de 1993 a entidade realizou em Salvador o I SEMINÁRIO NACIONAL DA UNEGRO com o objetivo de discutir o extermínio de negros no Brasil e no mundo. As denúncias feitas durante o evento, com base nos dados levantados pela pesquisa do IBASE, ganharam destaque em toda a imprensa local;

Em maio de 1994 a UNEGRO realiza o I SEMINÁRIO ESTADUAL O NEGRO NA EDUCAÇÃO: Desafios da Atualidade e Perspectiva para o Futuro;

Em 20 de NOVEMBRO 1995 participou da grande MARCHA DE 300 ANOS DE IMORTALIDADE DE ZUMBI DOS PALMARES, em Brasília, evento em que o movimento negro nacional reivindicou do Estado brasileiro a implementação de políticas públicas de elevação da qualidade de vida da população negra. Nesse mesmo ano lançou o TROFÉU CLEMENTINA DE JESUS, com o objetivo de homenagear mulheres e homens negros que se destacam na defesa e afirmação social e racial do povo negro na Bahia e suas instituições, mas que não têm visibilidade na mídia. De 1995 á 2010 realizou cinco edições do troféu;

Ainda em 1995 a UNEGRO tem participação destacada no CONGRESSO CONTINENTAL DOS POVOS NEGROS DAS AMÉRICAS, em São Paulo; promoveu uma SESSÃO ESPECIAL NA CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR para tratar do tema O NEGRO NA PROPAGANDA. Na oportunidade, lançou o filme A EXCEÇÃO E A REGRA do cineasta Joel Zito Araújo; e lançou o filme ATLÂNTICO NEGRO NA ROTA DOS ORIXÁS, do cineasta Renato Barbiere, no Instituo Goethe – Brasil Alemanha;

Nos anos de 1996 a 1997 executou o projeto de PREVENÇÃO À AIDS E DSTS NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, aprovado pelo MINISTÉRIO DA SAÚDE e passou a ser desenvolvido pela entidade em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde. Como produto final, além de relatórios, foi produzido o vídeo PELÔ PRAZER DE VIVER, exibido na Câmara Municipal de Salvador;

Em abril de 1999 a UNEGRO realizou em parceria com o movimento HIP HOP a grande marcha de 24h, CONTRA O DESEMPREGO, A VIOLÊNCIA E PELA PAZ;

Em 2000 a UNEGRO publicou a 1º edição da agenda O NEGRO NA HISTÓRIA DO BRASIL SÃO OUTROS 500. Uma publicação dos mais importantes fatos protagonizados por negros na história de formação da sociedade brasileira;

Em 22 de abril de 2000 ocorreu em Porto Seguro uma grande manifestação promovida pelo MOVIMENTO BRASIL OUTROS 500: RESISTÊNCIA INDÍGENA, NEGRA E POPULAR. A UNEGRO foi membro da Executiva Nacional do Movimento, tendo participação destacada no processo de questionamento e contestação das celebrações oficiais dos chamados 500 anos do Brasil;

Em julho de 2001 participou da CONFERÊNCIA NACIONAL CONTRA O RACISMO E A INTOLERÂNCIA, no Rio de Janeiro; e em setembro do mesmo ano compôs com 05 representantes a delegação brasileira da III CONFERÊNCIA MUNDIAL CONTRA O RACISMO, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL, A XENOFOBIA E FORMAS CORRELATAS DE INTOLERANCIA, realizada em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001;

Em julho de 2003 realizou o 2º Congresso Nacional da UNEGRO em Salvador-Bahia;

De 2007 a 2009 realizou três seminários sobre a intolerância religiosa, com o tema “Exu em debate”, que resultou na publicação de um livro com o mesmo nome. Ainda em 2007, realizou seminários e debates sobre a importância das folhas, do barro e do azeite para a religião afro-brasileira;

Entre 2003 a 2007 – Fundação da UNEGRO nos seguintes estados: Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco e Maranhão;

De 2001 a 2013 participou de todas as versões do Fórum Social Mundial (FSM) e das duas edições do Fórum Social Brasileiro (FSB);

Em julho de 2007, realizou na cidade do Rio de Janeiro, o seu 3º congresso nacional, com a participação de 500 delegados (as);

Em novembro de 2008 realizou do I Colóquio Internacional de Mulheres Negras. Com a participação de delegações de oito países;

Em junho de 2010 realizou a 4º plenária nacional, em São Paulo, que aprovou o documento base para o 4º congresso nacional da entidade;

Participação na implementação da lei 10.639/03, em Salvador, quando uma das coordenadoras da entidade assumiu a secretaria municipal de educação e cultura;

Em novembro de 2011 o seu 4º Congresso Nacional, com o tema: “Negros e Negras Compartilhando o Poder”, com participação de mil delegados (as);

Para a UNEGRO que, ao lado de outras organizações, lutou pela aprovação da Lei 10.639/03, pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e acompanhou todas as etapas do julgamento das cotas no STF, conquistando o veredicto de aprovação unanime do Sistema de Cotas, promover palestras, seminários, debates, em universidades, escolas públicas e particulares, bairros populares e outros espaços em que seus representantes venham a ser convidados para desenvolver a luta contra o racismo é contribuir com a formação de novas consciências antirracistas.”