Pressão popular suspende reajuste da energia no Tocantins

Aproximadamente 300 pessoas realizaram uma marcha em Palmas, capital do estado de Tocantins, pelo cancelamento definitivo do reajuste tarifário da Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins (Celtins), além de outras reivindicações. O ato ocorreu na manhã desta quinta-feira (4).

Na noite de quarta-feira (3), o juiz Rafael Gonçalves de Paula suspendeu por liminar o aumento de 10,23% nas tarifas de energia elétrica para consumidores residenciais e 12,93% para as indústrias, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneeel) na terça-feira (2).

Para a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Judith da Rocha, essa é uma conquista do povo. “Essa é uma vitória do povo, porque sabemos que só com pressão popular é que conseguimos colocar nossas reivindicações. Mas, apesar disso, sabemos que essa liminar é provisória e por isso precisamos nos manter organizados”, afirmou Judith.

A mobilização teve início em frente à TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo, e seguiu em direção à sede da Celtins, com o objetivo de entregar um documento à direção da companhia. Entretanto, os manifestantes não foram recebidos.

Por isso, o protesto se encaminhou à Assembleia Legislativa do Estado, onde foram apresentados aos deputados quatro pontos de reivindicação, que são: 1) a estatização imediata da Celtins; 2) instalação Imediata da CPI da Celtins; 3) garantia da Redução das Tarifas de energia para a população tocantinense; 4) que os pagamentos das dívidas sejam feitos por seus acionistas do grupo Rede Energia.

Assinam a lista o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Dívida


foto: divulgação MAB

A Celtins, criada em 1989, foi adquirida no mesmo ano pelo Grupo Rede Energia, uma das maiores empresas privadas do setor elétrico brasileiro, e hoje acumula uma dívida de aproximadamente 500 milhões de reais.

Para Judith, essa dívida não pode ser repassada para a população. “O que está por trás desse aumento é uma tentativa de repassar para o consumidor, para o povo tocantinense a dívida da companhia, feita a partir do lucro de seus acionistas”, apontou.

Na quarta-feira (3), foi apresentado pelo deputado estadual Zé Roberto (PT) um requerimento, assinado por 14 deputados, que pede a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades da companhia.

“Iremos pressionar o governo para que essa CPI aconteça e para que os culpados sejam punidos. E, depois disso, continuaremos mobilizados até que a empresa volte para o poder do povo”, concluiu Judith.

Fotos: MAB