Mursi rechaça ultimato do Exército e mais ministros demitem-se

O ministro de Assuntos Exteriores do Egito, Mohamad Kamel Amr, apresentou a sua demissão, nesta terça-feira (2), em meio à crise política que o país árabe atravessa, poucas horas antes de o presidente Mohammed Mursi rechaçar o ultimato do Exército, feito nesta segunda (1º/7), para “satisfazer as demandas do povo” e demitir-se do governo. Kamel Amr soma-se ao grupo de ministros e outros responsáveis egípcios que já se demitiram neste domingo (30/6) e na segunda.

O país encontra-se em plena crise política, com manifestações massivas que exigem a renúncia do presidente, sob a acusação de não ter conseguido materializar os ideais da revolução de 2011, que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak.


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Mursi rechaçou o ultimatum de 48 horas lançado nesta segunda (1º/7) pelo Exército e afirmou que não foi consultado na elaboração desta decisão, considerada por alguns como uma ameaça de golpe de Estado.

O presidente qualificou a medida do corpo militar como uma que “pode causar confusão”, e afirmou que o governo seguirá adiante com o seu plano para alcançar uma reconciliação a nível nacional.

Foi a segunda vez em pouco mais de uma semana que as Forças Armadas emitiram uma advertência formal aos políticos para aumentar a pressão sobre Mursi, para que comparta o poder com a oposição liberal, secular e de esquerda.

“O Egito, junto com todas as suas forças, não permitirá o retrocesso”, e o governo “segue adiante no caminho previsto para levar a cabo uma profunda reconciliação nacional, em resposta às aspirações do grande povo egípcio e independentemente de qualquer declaração que aprofunde a divisão entre os cidadãos”, assinala um comunicado presidencial publicado nesta terça (2).

Na segunda, o comandante-em-chefe do Exército e ministro de Defesa Abdel Fatah Sisi declarou que “se as demandas do povo não forem respondidas em 48 horas, corresponderá às Forças Armadas anunciar um mapa do caminho para o futuro”.

O Ministério do Interior do Egito anunciou o seu “apoio total” ao corpo policial das Forças Armadas “ante a sua preocupação com a segurança nacional e o melhor interesse-te para o Egito nesse momento crítico”.

Por outro lado, o ex-chefe do Estado Maior e assessor militar do presidente egípcio, Sami Anan demitiu-se nesta segunda, devido às “circunstâncias o país que atravessa”.

Desde o passado domingo, além de Kamel Amr outros cinco ministros do gabinete do premiê Hisham Qandil demitiram-se dos seus cargos, entre eles, os titulares de Turismo, Hisham Zaazu; Telecomunicações, Atef Helmi; Assuntos Parlamentares, Hatem Bagato; Meio Ambiente, Jaled Fahmi, e Recursos Hídricos, Abdelqaui Khalifa.

Os opositores de Mursi acusam-no de integrar seus correligionários no Governo, manejar o país em beneficio do seu partido político, assim como de desviar-se das metas da revolução popular de 2011. Já os seus partidários opinam que o mandatário está limpando as instituições do país da corrupção e precisa de tempo para materializar os ideais da revolução.

Com HispanTV
Da redação do Vermelho