A Colômbia busca em Cuba outra chance para a paz 

Decorridos sete meses de iniciadas em Havana, Cuba, as conversações para a paz na Colômbia, as partes negociadoras coincidiram neste sábado (22) que existem avanços importantes. 

Os maiores acordos se concentram fundamentalmente no tema agrário, segundo revelaram os participantes neste diálogo que tem por sede o Palácio de Convenções de Havana.

Em um informe de 25 páginas apresentado na sexta-feira (21), os representantes do governo colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc – EP) expuseram o caminho percorrido até agora.

Iván Márquez, chefe da delegação das Farc – EP, afirmou na coletiva de imprensa na sede das conversações de paz na Colômbia que existem expectativas de solução nos assuntos pendentes.

Os enviados do grupo guerrilheiro reiteraram que uma Assembleia Constituinte é o cenário que "dirimiria todos os dissensos", e é muito mais idôneo que um referendo.

Por sua parte, os representantes na mesa do governo do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, reiteraram que não apoiam a convocação da Constituinte.

A esse respeito, Jesus Santrich, integrante do grupo negociador das Farc – EP, recordou que o governo se comprometeu a estudar todas as iniciativas que surgissem da parte dos setores populares e sociais.

A Constituinte, disse, foi uma das propostas do foro realizado em abril deste ano na Colômbia.

Márquez comentou que essa iniciativa deve ser construída como "novo contrato social legitimado pelo poder constituinte", o qual deve dirimir os dissensos da mesa.

Sua composição não deveria ser derivada exclusivamente do marco do atual sistema eleitoral de maneira que garantisse a participação de todos os setores sociais do país, explicou.

Mas a convocação desse mecanismo está nas mãos do congresso do país, o qual define a competência, o período e a composição, esclareceu.

Para os insurgentes, uma Constituinte geraria uma reforma política "profunda, assentaria as bases para democratizar o acesso e o uso dos meios de comunicação e ampliaria para cinco anos o mandato presidencial, sem reeleição".

Segundo Márquez, a Colômbia deve resolver também fenômenos relacionados com a soberania, a desigualdade, a democracia, saúde, a justiça, a educação, o sistema eleitoral e o "excessivo presidencialismo".

As Farc – EP propuseram "10 propostas mínimas", nas quais apresentaram diretrizes para resolver alguns desses problemas, além de outros, como as garantias para o exercício da oposição e a reestruturação democrática do Estado.

O líder insurgente nos diálogos de paz considerou que os poderes executivo e legislativo da Colômbia deveriam abandonar a postura de "prevenção" frente à proposta de adiamento das eleições por um ano.

O que se busca é dar tempo ao processo de paz e colocá-lo fora do alcance das agitações eleitorais, argumentou.

Por sua parte, os representantes do governo de Juan Manuel Santos declararam que não estão a favor de adiar as eleições nem de promover uma Assembleia Constituinte.

Até agora a mesa instalada em Cuba desde novembro do ano passado mostrou um primeiro acordo no final de maio último sobre o tema agrário.

Mas, segundo o que foi pactuado, os acordos serão parciais, pois as conversações se regem pelo princípio de que "nada será pactuado até que tudo esteja acordado".

Prensa Latina