Protestos e cerco ao Congresso

O protesto que começou como manifestação pacífica em Brasília, na tarde desta segunda-feira, ganhou contornos de guerra, à noite. A rampa do Congresso Nacional foi tomada por milhares de manifestantes.

Protestos e cerco ao Congresso

Na confusão, um vidro do prédio acabou quebrado. Eles já haviam ocupado a plataforma das cúpulas e, pouco tempo depois, chegaram ao acesso principal da Casa Legislativa. A invasão pela chapelaria foi dispersada por policiais, com gás lacrimogêneo e spray de pimenta. A PM confirmou que 10 mil pessoas participaram da "Marcha do Vinagre" – o nome faz referência à substância usada pelos jovens para neutralizar os efeitos do gás lacrimogêneo. O trânsito ficou caótico no centro.

Cerca de 500 policiais tentaram conter a massa. Eles estavam com armas munidas com balas de borracha, mas não fizeram uso dos equipamentos. A tropa de choque não assumiu a linha de frente na contenção dos jovens. A elite da PM acompanhou o movimento pela parte lateral do Congresso. Por volta das 23h, o movimento começou a perder força. À meia noite, não havia mais movimento de manifestantes na chapelaria. Lideranças da marcha prometem um novo ato, ainda maior, para a próxima quinta-feira, às 17h30, com concentração na Rodoviária do Plano Piloto.
Faltou líderes para negociar

Na opinião do chefe do Departamento Operacional da PM, coronel Jair Lobo, a falta de lideranças dificultou o diálogo. "A ausência de líderes constituídos impede darmos início a uma negociação", disse. O Comando da PM mobilizou homens de diversos batalhões do Distrito Federal para reforçar o cerco aos integrantes do protesto. Após negociação, manifestantes começaram a deixar a plataforma, por volta de 19h50, pela rampa, mas parte do grupo rumou para a chapelaria. André Vargas, presidente em exercício da Câmara, chegou a dizer que a polícia falhou.

Num primeiro momento, eles tentaram entrar pela lateral do prédio, mas PMs evitaram. Quase simultaneamente, outras pessoas conseguiram driblar a segurança e subir no teto do prédio. Eles também ocuparam o térreo da parte externa da Casa. Grupo quebrou vidraça da primeira vice-presidência da Casa e a rampa tremia com o peso dos manifestantes.

Cantaram o hino nacional e gritaram palavras de ordem. Os principais alvos foram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Marco Feliciano (PSC/SP). Outras questões de ordem, como o fim do voto secreto e da corrupção também pautaram os cartazes empunhados pelos manifestantes. No fim do dia, o GDF divulgou nota em que considerou os protestos "acontecimentos normais".

Detenções

Antes da invasão ao Congresso, três manifestantes foram detidos. Os PMs usaram spray de pimenta e cassetete para deter o grupo que tentava chegar à rampa. Os primeiros foram retirados à força, carregados. Soldados da tropa de choque lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Um adolescente foi apreendido. O Congresso foi cercado pela tropa de choque e a cavalaria da PM.

Apesar das orientações da PM para não ultrapassar duas das seis faixas do Eixo Monumental permitidas para o protesto e a não atrapalhar o trânsito, mais cedo, um grupo de punks invadiu todas as faixas do Eixo Monumental. Eles rodearam uma viatura da PM. Os líderes da "Marcha do Vinagre" tentaram conter o grupo e pediram que eles liberassem as pistas ocupadas, mas os punks acabaram fechando as pistas e depois, os integrantes da manifestação invadiram todas as faixas do Eixo Monumental.

Antes dos manifestantes chegarem ao Congresso, policiais fizeram um cordão de isolamento e empurraram os manifestantes para que eles voltassem às duas faixas.

Confusão na concentração

A Polícia Militar identificou seis pessoas riscando carros que estavam próximos ao museu. "Nós optamos por esperar a manifestação começar. Acreditamos que esses indivíduos podem não estar relacionados ao grupo de manifestantes e consideramos que prender pessoas em meio à concentração poderia acirrar os ânimos. Nossa vontade é que tudo ocorra com a maior tranquilidade possível", disse Gouveia.
Os manifestantes também pedem investimento no transporte público, na saúde e na educação, a não aprovação da PEC/37 e da PL 728/2011, investigação das obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal e do Ministério Público e a luta contra a remoção das famílias das áreas de interesse econômico em nome da Copa das Confederações e do Mundo.