Índios Munduruku ocupam Funai em Brasília

Cerca de 150 índios, na maioria da etnia Munduruku, ocupam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, desde a tarde de segunda-feira (10). Segundo agências, o grupo é o mesmo queocupou, no fim de maio, a Usina de Belo Monte, no Pará. Até às 11 horas desta terça-feira (11), nenhum funcionário do órgão responsável por políticas indigenístas no país havia conseguido entrar no prédio e não há previsão para desocupação do local.



Índios Munduruku (cerca de 150) estão acampados na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) / Antonio Cruz/Agência Brasil

Os indígenas aguardavam a presidenta interina do órgão indigenista, Maria Augusta Assirati, para entregar documento com reivindicações, solicitar hospedagem e a data em que seriam levados de volta ao Pará. Porém, Maria Augusta não compareceu e por emissários avisou que estava em outra reunião. Nesta terça-feira (11), completa uma semana que o grupo desocupou o principal canteiro de obras da UHE Belo Monte e veio ao Distrito Federal.

“Desde a manhã estamos esperando alguém da Funai para falar da nossa pauta, da hospedagem. Ninguém apareceu até agora. Nós chamamos vocês para nossa assembleia, que começou quando chegamos, e vocês não vieram. Então estamos informando agora para vocês que nos estamos acampando aqui na Funai. Vamos ocupar a Funai a partir de agora”, disse Josias Munduruku aos representantes delegados pela interina da Funai.

O grupo já demonstrava indignação com a postura do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República (SGPR), Gilberto Carvalho, que na manhã desta segunda negou ter uma reunião marcada com os indígenas. Depois, eles foram levados para a Funai, onde seriam recebidos por sua presidenta interina.

“Disseram (na SGPR) que receberiam uma comissão de dez, mas nós não nos separamos. O governo não quer entender isso, respeitar nosso jeito. Sabem que não nos separamos. Por essa postura, o ministro descumpre os acordos e assim fica difícil conversar”, explica Jairo Saw, assessor do cacique-geral Munduruku. Para as lideranças, os assessores de Carvalho disseram que ele só poderia atendê-los até as 11h15. No entanto, em nota, a SGPR ressaltou que as lideranças indígenas se negaram a se encontrar com Gilberto Carvalho.

Na semana passada, os índios foram levados até a capital federal, em aviões da FAB, para uma reunião com o ministro Gilberto Carvalho, da secretaria-geral da presidência. Na segunda-feira (10), eles pediram pra usar um auditório e resolveram permanecer no local até serem recebidos pela direção da Funai.

Os índios ocuparam inicialmente um auditório da Funai, que liberou para que os indígenas pudessem se reunir. Após o encontro, contudo, eles resolveram permanecer no local até serem recebidos pelos dirigentes da entidade.

Na quinta (6), o grupo tentou entrar no prédio do Congresso Nacional mas foi impedido pela Polícia Legislativa. Após a intervenção de um deputado do PT ligado a movimentos sociais, os indígenas conseguiram protocolar uma carta na presidência da Câmara dos Deputados. No documento, eles pediram que os parlamentares não aprovem qualquer projeto encaminhado pelo Executivo sobre a construção das usinas hidrelétricas de Tapajós e Teles Pires, ambas em território paraense.

Da redação do Vermelho com agências