Aeroportos, caminhos para o desenvolvimento

 

Flávio Dino
Nos últimos 10 anos, o transporte aéreo no Brasil saltou de 30 milhões de passageiros por ano para a impressionante marca de 100 milhões de pessoas/ano. Esse fenômeno ocorreu graças às bem-sucedidas políticas de transferência de renda que incluíram mais de 40 milhões de brasileiros no mercado consumidor. Com isso, pessoas que nunca haviam pisado num aeroporto tiveram, pela primeira vez, a chance de viajar de avião. Além do ganho de qualidade de vida para milhões de pessoas, isso também representa um incremento em diversas economias, já que o turismo é uma cadeia extremamente ampla, que abrange do dono de hotel ou restaurante ao vendedor de coco na praia.

Mas depois de um avanço tão importante em tão pouco tempo surgem gargalos. O mais importante deles, na minha opinião, são as grandes dificuldades que enfrentamos para realizar viagens regionais. Tirando as conexões entre os grandes centros, uma viagem entre cidades do Norte ou mesmo entre cidades do Nordeste pode se transformar em um calvário.

Basta que um de nós tente, por exemplo, comprar uma passagem de avião de São Luís para Aracaju ou Maceió que descobrirá o périplo que um passageiro terá de passar para deslocar-se dentro do Nordeste. Para enfrentar esse problema, o governo federal terá de agir em diferentes frentes. Uma delas é fazer nascer muitas empresas de aviação regional, o que só ocorrerá com incentivos à compra de aeronaves menores, no estilo das produzidas pela Embraer.

Além de colocar o carro para andar, é preciso consertar a pista. Por isso, a presidenta Dilma anunciou este ano um investimento de R$ 7 bilhões em 270 aeroportos, sendo 11 deles no Maranhão: Bacabal, Balsas, Barra do Corda, Barreirinhas, Carolina, Caxias, Governador Nunes Freire, Imperatriz, Pinheiro, São Joao dos Patos e Santa Inês, totalizando cerca de R$ 300 milhões investidos.

É uma iniciativa essencial não só para garantir o crescimento continuado do fluxo aéreo brasileiro, como para desenvolver economicamente todas as regiões do país. No caso do Maranhão, esse investimento terá um efeito positivo fantástico. Primeiro, pelos próprios moradores do nosso estado, que terão a chance de encurtar viagens que hoje são longuíssimas, como São Luís – Balsas ou São Luís – Carolina, apenas para ficar em dois exemplos. Depois, pelas possibilidades que esses aeroportos reformados vão trazer para o desenvolvimento do turismo nessas cidades. Sobre essas possibilidades, conversei nas últimas semanas com empresários e políticos nas cidades de Balsas, Barreirinhas e Imperatriz. Nesta última, tive na sexta passada uma produtiva reunião na Associação Comercial e Industrial, com toda a direção da entidade, quando reiterei a proposta de criação de um Fórum Interinstitucional de Turismo e Aviação – articulando todos os níveis de governo e parceiros privados.

Na Embratur, temos atuado, dentro dos nossos limites institucionais, para também promover a competitividade na área da infraestrutura. Esta semana, por exemplo, lancei o Prêmio Boa Viagem, com o ministro Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. A Embratur e a SAC vão realizar uma pesquisa em sete aeroportos brasileiros entre os dias 5 de junho a 5 de julho – englobando o pré e pós-Copa das Confederações.

Nos questionários, serão coletadas as avaliações de cada turista a respeito de vários serviços, desde a infraestrutura para chegar ao aeroporto até o check in e restituição de bagagem. É uma iniciativa para estimular boas práticas e reconhecer os esforços de todos os envolvidos no sistema para oferecer um serviço de qualidade que estimule o turismo, essa alavanca do crescimento econômico.

Flávio Dino, 45 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal