Casa Branca admite espionar milhões de telefonemas nos EUA

A Casa Branca reconheceu nesta quinta-feira que espiona milhões de clientes de telefonia fixa e móvel da operadora Verizon, a segunda maior do país. O governo alega que a ação é "uma ferramenta muito importante para proteger o país de ameaças terroristas".

A admissão de culpa acontece horas depois do jornal britânico The Guardian denunciar que a Justiça americana emitiu uma ordem confidencial, a pedido da Agência Nacional de Segurança, pedindo que as ligações de milhares de usuários da Verizon fossem monitoradas.

A revelação deverá ser motivo para mais ataques à administração Obama, que em maio havia admitido que espioanara telefonemas da agência de notícias Associated Press. Na época, a alegação presidencial era de "evitar que soldados americanos morressem" em um ataque terrorista no Iêmen.

O governo também é acusado de ordenar que a Receita Federal monitorasse as movimentações financeiras dos membros do chamado Tea Party, grupo de extrema-direita que age no Partido Republicano. A revelação fez com que o chefe do órgão fiscal, Lois Lerner, fosse afastado.

Segundo o The Guardian, a ordem foi feita por um tribunal especial aos serviços corporativos de telefonia fixa e móvel da Verizon. Dentre as exigências, estão os relatórios diários de todas as ligações de milhões de clientes da operadora entre 25 de abril e 19 de julho deste ano.

Lei Patriot

A ordem de interceptar telefones faz parte da chamada Lei Patriot, (Usa Patriot Act, um acrônimo em inglês para Uniting (and) Strengthening America (by) Providing Appropriate Tools Required (to) Intercept (and) Obstruct Terrorism Act), aprovado em 2001 durante a administração George W. Bush.

A lei permite o monitoramento de todos as ligações locais, interurbanas e internacionais de qualquer cidadão considerado pelos arapongas locais como "suspeito" de associação ao terrorismo, feito a partir de decisões judiciais secretas.

A medida gerou polêmica por violar o sigilo telefônico, direito garantido pela primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos. Em 2005, o jornal The New York Times denunciou que o governo de Bush teve acesso às gravações de ligações internacionais de clientes da AT&T.

Um ano depois, foi a vez do USA Today informar sobre ordens de monitoramento para clientes de três operadoras americanas. Após as denúncias, diversos cidadãos entraram com ações judiciais contra as operadoras.

Com agências