Em Portugal, manifestantes exigem demissão do governo

Milhares de trabalhadores responderam ao apelo da Central Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e concentraram-se em Belém exigindo do Presidente da República a demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas.

"A luta dos trabalhadores e do povo é o elemento crucial da fraqueza do Governo" e "fará que mais cedo que tarde este Governo será demitido ou se demitirá" afirmou Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português.

"Há um sentimento de indignação profunda porque do presidente da República há um papel de corresponsável nesta política e neste governo, mesmo sabendo que não há um regular funcionamento das instituições e que este governo sistematicamente viola a Constituição", disse ainda o secretário-geral, presente na grande manifestação que se realizou em Belém.

Conforme a Constituição de Portugal, o presidente da República pode demitir o governo, dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições. Apesar dos constantes apelos para que derrube o gabinete de Passos Coelho, o presidente Aníbal Cavaco Silva não emite qualquer sinal de que possa tomar essa decisão.

A mobilização da CGTP, por sua vez, ocorre no momento em que o governo tenta aprofundar as políticas de antipopulares e antinacionais, de ataque sistemático aos direitos do povo. O protesto deste sábado será seguido de outras manifestações e paralisações que estão programadas contra o governo.

Em vez das políticas de arrocho, acertadas com os credores internacionais da chamada Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), a central sindical quer que o governo tribute o lucro das grandes empresas e do capital especulativo, elimine isenções fiscais de grupos econômicos e financeiros, estabeleça cobrança sobre as transações bancárias (0,25%), aumente a fiscalização de impostos, encerre os contratos de parcerias público-privadas, rompa o programa de ajustamento econômico e renegocie a dívida com o Banco Central Europeu.

As políticas de arrocho são exigidas pelos credores internacionais para que o Estado português contenha o déficit fiscal e evite aumento da dívida pública. As medidas já tomadas pelo governo (como aumento de impostos e cortes em subsídios sociais) desestimularam a economia em recessão pelo terceiro ano consecutivo, provocam o empobrecimento da população, aumentam o desemprego e agravam a desigualdade social.

Com agências