Mães mexicanas marcham em busca de filhos desaparecidos

No México, onde foi comemorado na sexta-feira (10) o Dia das Mães, muitas não têm o que comemorar. Seus filhos e filhas fazem parte do grupo de cerca de 26 mil desaparecidos no país. Para marcar a data e a busca incansável por seus filhos, a organização Forças Unidas por nossos desaparecidos no México (Fundem), a Rede Verdade e Justiça, de organizações da América Central e México, promoveram a Segunda Marcha da Dignidade Nacional: Mães buscando seus filhos e filhas e buscando Justiça.

A marcha, que saiu do Monumento à Mãe e seguiu até o Ángel da Independência, na Cidade do México, teve o objetivo de dar visibilidade ao problema que afeta milhares de famílias mexicanas, que veem seus familiares desaparecendo sem que haja motivos nem investigações. Exercendo o direito à manifestação, mães, familiares e organizações pedem por justiça e uma resposta do governo, em ações concretas, às suas demandas. Durante a caminhada também foram enviadas mensagens de força aos desaparecidos e a promessa de que as mães não descansarão até que seus filhos e filhas sejam encontrados. Além das mães mexicanas, também participaram da marcha mães de desaparecidos da América Central.

"Não sussurramos seus nomes fechadas na intimidade de nossas casas, nós gritamos, saímos e continuaremos saindo para as ruas aonde nos digam que é possível que estejam [nossos filhos]. Nessa busca não estamos sozinhas, nos acompanha uma grande família que foi se formando entre a dor e a esperança”, afirmaram em comunicado.

Apoiando a luta das mães mexicanas, a Anistia Internacional (AI) e a Rede Nacional de Organismos Civis de Direitos Humanos "Todos os Direitos para Todas e Todos” (Rede TDT), formada por 73 organizações mexicanas, também se solidarizaram e participaram da Segunda Marcha da Dignidade Nacional para fazer um "enérgico” chamado às autoridade para que estas se comprometam e atendam os apelos por justiça dos familiares de pessoas desaparecidas. As organizações acreditam que muitos filhos e filhas foram vítimas de desaparições forçadas, casos em que tem a força de agentes do Estado.

Um ano após a realização da primeira Marcha da Dignidade Nacional, a Rede TDT criticou a omissão do governo que não atendeu a nenhuma das reivindicações das mães e ainda permite que o problema do desaparecimento de pessoas no México continue aumentando.

"Estes fatos nos falam da incompetência e pouca disponibilidade das autoridades locais, estatais e federais para trabalhar e resolver as desaparições e, sobretudo, para garantir, proteger e respeitar os direitos humanos de todas e todos”, ressalta, enfatizando que o Estado deve assumir sua responsabilidade na busca de pessoas desaparecidas.

A Rede TDT disse esperar que a marcha consiga chamar a atenção para o problema dos desaparecimentos e afirmou que o caso "é um reflexo da crise de direitos humanos e violência pela qual atravessa o país”. As organizações pedem que o presidente Enrique Peña Nieto se empenhe para atender ao apelo das mães e iniciar um processo de busca e investigação nestes casos.

Fonte: Adital