Cris Cavalcante: Sir Paul McCartney e o sentimento intangível

 O dia em que um Beatle me fez rir e chorar na mesma canção.

 Se você pensa que uma tremenda desorganização, primeiro no trânsito e principalmente no acesso ao interior da Arena Castelão, e a ausência praticamente total de sinal das operadoras de celular/3G são motivos para eu dizer aqui que não vivi, na noite desta quinta-feira (9 de maio), o momento mais emocionante da minha vida, engana-se.

Vivi. O show de Sir Paul McCartney é algo difícil de definir. Supera qualquer rótulo. "Sensacional", "maravilhoso", "inesquecível", "emocionante", "perfeito", “mágico”? Todos esses conceitos são insuficientes. Paul não cabe neles. Acho que não caberia em nenhuma palavra conhecida. E eu amo as palavras!

A Arena Castelão estava completamente lotada de pessoas que cantaram, balançaram seus balões verde-amarelos e coraçõezinhos vermelhos. Todos também acenderam seus celulares – que, se não funcionaram para mandar às redes sociais as imagens lindas que nossos olhos registravam, serviram de luz para fazer brilhar ainda mais as canções.

Não conto nenhuma novidade dizendo a vocês, que não estiveram lá, que Hey Judge foi o ápice com a coreografia preparada pelo público. Tampouco, ninguém que me conhece vai se surpreender se eu confessar que chorei – sem conseguir parar de rir, ao mesmo tempo – quando veio Let it Be.

Ainda teve a superprodução de Live and Let Die, o psicodelismo de Helter Skelter, a beleza elevada à máxima potência de Something, no tributo a George Harrison. E todo mundo já deve saber que um feliz casalzinho recebeu um abraço do Paul e sua 'benção', logo depois de dizerem 'sim' um para o outro.

Um Beatle, multibilionário, que já experimentou tudo de bom na vida, já fez todos os shows em todos os lugares; é Sir para a Rainha e para todos nós… Nem precisava vir aqui nos encantar. Mas ele veio. E riu, brincou, falou nossos regionalismos. Compartilhou humanidade e recebeu amor. Ficou justo.

Ah, gente… A felicidade que eu senti, ontem à noite na Arena Castelão, não dá para dizer. Nem mensurar. É essa coisa intangível que é o sentimento.

Ana Cristina Cavalcante é jornalista, com diploma, assessora de Imprensa. Louca por Economia, Política, Filosofia, rock inglês, cinema, futebol, palavras e pessoas.

 

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