Livro conta história de assentamento mais antigo do Rio

Um final de semana de atividades culturais marcou o Assentamento Campo Alegre, o mais antigo do estado do Rio de Janeiro. Na sexta-feira (3) foi lançado o livro "Campo Alegre: memória em movimentos e as gerações de luta", produzido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Escola Municipalizada de Campo Alegre.


foto: Pablo Vergara

Segundo a coordenadora estadual do MST, Érica Silva, o lançamento mostra que os camponeses também podem produzir seus livros. "Este livro marca uma retomada do movimento, no sentido dos movimentos sociais estarem ocupando as escolas e também mostra a articulação dentro e fora do campo para que as escolas construam seus próprios livros didáticos dentro de suas realidades", afirmou a líder camponesa.

Para a professora Marília Campos, da UFRRJ, é preciso valorizar o processo de produção do livro. "O livro é mais importante como processo do que como objeto, porque a educação do campo tem que estar nas bases, nas escolas. Essa é a contribuição que as licenciaturas do campo podem dar", observou a docente.

Centro de Formação Cultural João Generino

João Generino foi um dos sem-terra que participou da ocupação da antiga Fazenda Campo Alegre, no ano de 1984. Por sua luta em defesa da Reforma Agrária, Generino receberá seu nome no novo centro de formação que funcionará na casa onde residiu por anos, localizado no Assentamento Campo Alegre.

"Meu pai ficaria muito feliz com essa homenagem, vendo sua casa se transformar em um centro de formação cultural. Espero que esse seja um importante momento de contra-hegemonia, contra o sistema o sistema capitalista que desvaloriza nossa forma de ser e nossa vida", relata Débora Figueira, militante do MST e filha de Generino.

De início, dois projetos já estão aprovados para o novo espaço do assentamento. O projeto "Bibliotecas Populares", do grupo de pesquisa GeoAgrária, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), já iniciou suas atividades e em breve instalará uma biblioteca no assentamento. Outro projeto que também será desenvolvido no centro cultural é o "Observatório Camponês", fruto da interação entre o MST/RJ e o Coletivo Tatuzaroio de Comunicação e Cultura que foi vencedor do edital de Cultura Digital da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: Brasil de Fato