Kim Il Sung: Reforcemos a luta anti-imperialista e anti-ianque

No momento em que são cada vez mais graves as ameaças de agressão imperialista à República Popular Democrática da Coreia, publicamos artigo de 1967 do fundador do país e do Partido do Trabalho (comunista). O artigo foi publicado no primeiro número da revista Tricontinental da Organização de Solidariedade aos Povos da Ásia, África e América Latina (Ospaaal)

Kim Il Sung foi um dos grandes líderes do Movimento Comunista Internacional do século 20. Liderando o povo coreano na luta contra o imperialismo japonês e, depois, contra o imperialismo norte-americano, obteve enormes vitórias que são verdadeiros patrimônios da luta dos povos contra a dominação e exploração imperialista.

Fundou o Exército Popular Coreano, o Partido do Trabalho da Coreia, a República Popular Democrática da Coreia e liderou a luta de libertação que impôs ao imperialismo norte-americano sua primeira derrota na história. É um fato que até os nossos dias os imperialistas não engolem.

No texto “Reforcemos a Luta Anti-imperialista e a luta anti-ianque”, publicado na revista Tricontinental, da Organização de Solidariedade aos Povos da Ásia, África e América Latina (Ospaaal), em 1967, Kim Il Sung fala da necessidade do fortalecimento de uma frente comum anti-imperialista que compreenda diversos países e forças políticas, independentemente dos seus regimes políticos e ideologias.

Também combate posições equivocadas que, em nome de uma defesa da paz, na prática se opõem à necessidade de travar a luta contra o imperialismo, buscando uma conciliação com este. Ao contrário do que alguns possam pensar, Kim Il Sung, além de um grande patriota, também foi um grande internacionalista, que sempre se interessou pelas questões referentes às perspectivas de desenvolvimento da revolução mundial, da qual a revolução coreana é uma etapa.

A República Popular Democrática da Coreia, fundada em 9 de setembro de 1948, foi um dos países socialistas que resistiram ao vendaval contrarrevolucionário que destruiu a União Soviética e outros países do Leste Europeu. Desde o momento em que foi fundada, a RPDC encontra-se sob constante ameaça do imperialismo norte-americano, edificando o socialismo em condições adversas, onde pesa um poderoso bloqueio econômico. No momento atual, em que o imperialismo norte-americano eleva ao máximo a tensão na Península Coreana, ameaçando a RPDC com a guerra, é dever de todos comunistas demonstrarem solidariedade ativa ao povo norte-coreano. Leia a íntegra do artigo de Kim Il Sung.

Gabriel Martinez, no Blog Solidariedade à Coreia Popular.

Reforcemos a Luta Anti-imperialista e Anti-ianque

Há dois anos foi fundada em Havana, capital de Cuba, a Organização de Solidariedade aos Povos da Ásia, África e América Latina. Isso constituiu um evento de enorme importância. O objetivo e ideal que persegue esta Organização ganhou a simpatia de milhões de pessoas da Ásia, África, e América Latina, e está exercendo uma profunda influência no processo das grandes transformações que ocorrem agora no mundo.

Os povos da Ásia, África e América Latina, que durante séculos estiveram submetidos a opressão e saqueio do capitalismo ocidental e do imperialismo, agora se erguem valentemente, fazendo assim sua aparição no cenário da história. Uma poderosa maré de libertação nacional está se expandindo com uma força irresistível. Centenas de milhões de pessoas dos três continentes estão lutando por sua libertação e por salvaguardar os logros revolucionários já obtidos. O sistema colonial do imperialismo está desmoronando com rapidez.

Para manter sua antiga posição e recuperar seus baluartes já perdidos, o imperialismo realiza os mais desesperados esforços de vida ou morte. A medida que o imperialismo se aproxima da morte, a luta se torna cada vez mais feroz. É por esta razão que os povos não podemos deixar de continuar sua luta, levantando bem alto a bandeira anti-imperialista até derrotar por completo o imperialismo da face da terra.

Os países recentemente independentes, livres do julgo imperialista, tem diante de si tarefas muito difíceis e importantes, como a de defender a independência nacional, fazer progredir a revolução e apoiar a luta de libertação dos povos que, todavia, estão sob o domínio do imperialismo. Os povos que já conquistaram a independência devem lutar para destruir as atividades subversivas do imperialismo estrangeiro e das forças reacionárias internas e liquidar suas bases econômicas; por fortalecer as forças revolucionárias, estabelecer um regime social progressista, construir uma economia nacional independente e uma cultura nacional.

Somente atuando assim poderão lograr a prosperidade do país e da nação, salvaguardando suas conquistas revolucionárias, fazendo um grande aporte a luta conjunta dos povos de todo o mundo para enterrar o imperialismo.

Ásia, África e América Latina constituem 71% da superfície da terra. Nelas habitam mais do que dois terços da população mundial e existem inesgotáveis riquezas. O imperialismo cresceu e engordou sugando o sangue e o suor desses povos e saqueando suas riquezas. Hoje em dia também o imperialismo extrai cada ano ganhos de dezenas de bilhões de dólares dessas regiões. Se o velho colonialismo na Ásia, África e América Latina for eliminado, nem a Europa ocidental imperialista, nem os Estados Unidos imperialista poderão seguir existindo.
A luta anti-imperialista e anticolonialista dos povos da Ásia, África e América Latina é uma sagrada luta de libertação de centenas de milhões de seres humanos oprimidos e explorados, e ao mesmo tempo uma grande luta dirigida a cortar do imperialismo mundial essa linha de vida. Esta luta constitui, junto com a luta revolucionária da classe operária pelo socialismo, as duas grandes forças revolucionárias de nossa época, as quais se uniram formando uma só corrente que sepulta o imperialismo.

Os imperialistas não podem dar de presente da independência aos povos coloniais. Por acaso existe a necessidade de provar o quão são mentirosas as declarações dos imperialistas quando dizem que o mundo ocidental pode dar ajuda a independência e ao progresso dos povos dos três continentes e coexistir com Ásia, África e América Latina, livres e independentes? A natureza do imperialismo não poderá mudar. Até a sua morte, o imperialismo explorará, oprimirá e saqueará os povos.

Os povos oprimidos só poderão libertar-se através da luta. Isto é uma simples e clara verdade, já provada pela história. É necessário, portanto, desmascarar a propaganda demagógica dos imperialistas e desfazer por completo que estes cederão voluntariamente as posições que possuem em suas colônias e nos países dependentes. É uma lei que onde existe opressão, também existe resistência. É inevitável que os povos oprimidos lutem por sua libertação. Enquanto o imperialismo saqueie e oprima com violência as nações pequenas, é um direito inalienável que as nações oprimidas lutem com armas na mão, resistindo aos agressores.

É um erro tratar de evitar a luta contra o imperialismo alegando que, ainda que a independência e a revolução sejam boas, mais preciosa é a paz. Por acaso não é um fato real que a linha de um compromisso sem princípios com o imperialismo unicamente fomenta as manobras agressivas deste e aumenta o perigo da guerra? Uma paz que leva a submissão escravista não é paz. A paz verdadeira não pode ser conquistada se não lutarmos contra aqueles que a perturbam e se não destruirmos a dominação dos opressores, opondo-nos a essa paz escravista. Da mesma maneira que nos opomos à linha de compromisso com o imperialismo, não podemos admitir o temor a lutar contra o imperialismo com ações práticas, limitando-se unicamente a proclamar de modo ruidoso que se está contra o imperialismo. Isto não é senão o contrário da linha de compromisso. Tanto uma quanto a outra não tem nenhuma semelhança com a verdadeira luta anti-imperialista, e só servem de ajuda a política de agressão e guerra do imperialismo.

Para combater o imperialismo é importante, em primeiro lugar, concentrar o ataque contra o imperialismo norte-americano, líder do imperialismo mundial. Ao estender suas garras de agressão no mundo inteiro, o imperialismo norte-americano se converteu no inimigo comum de todos os povos do mundo. Não há sob o globo um só país cuja soberania não tenha sido violada pelo imperialismo ianque ou que não se depare com a ameaça de agressão do imperialismo norte-americano. Os imperialistas norte-americanos estão reprimindo selvagemente a luta de libertação nacional dos povos da Ásia, África e América Latina, e perpetram sem cessar ações agressivas e atividades de subversão para subjugar novamente os países recém independentes.

Expondo abertamente sua natureza bandida, os imperialistas norte-americanos estão levando a cabo uma guerra agressiva contra um pais socialista e intervindo com suas forças armadas nos assuntos internos de outros países. Durante os vinte e tantos anos posteriores a Segunda Guerra Mundial, não houve sequer um só dia em que a chama de agressão e guerra ascendida pelos norte-americanos deixou de queimar. São precisamente os imperialistas norte-americanos que forçam a todos os povos da terra que exigem a paz, a independência e o progresso, se unam em uma frente comum contra o imperialismo norte-americano.

Os povos da Ásia, África e América Latina possuem interesses comuns, e suas lutas anti-imperialistas e anti-ianques se apoiam mutuamente. Enquanto África e América Latina não sejam livres, tampouco a Ásia o poderá ser; e igualmente, quando os imperialistas norte-americanos forem expulsos da Ásia, isto favorecerá a luta de libertação dos povos africanos e latino-americanos. A vitória contra o imperialismo norte-americano em uma frente irá acelerar a vitória em outras frentes, pois ela debilita em sua medida a força do imperialismo norte-americano.

Em qualquer lugar do mundo onde forem aniquiladas as forças agressivas do imperialismo norte-americano, isso constituirá por si mesmo algo muito positivo para todos os povos do mundo. Daí a necessidade de isolar por completo o imperialismo norte-americano formando a mais ampla frente anti-ianque, e acertar golpes com essa força conjunta em todos os lugares onde o imperialismo norte-americana estenda suas garras de agressão. Somente dessa maneira poderemos dispersar e debilitar ao máximo as forças do imperialismo norte-americano, e lograr que os povos, com um poderio de absoluta superioridade, derrotem o imperialismo norte-americano em cada frente.

Já fazem mais de 20 anos que os imperialistas norte-americanos ocupam a metade Sul de nosso país. Os imperialistas dos Estados Unidos implantaram uma dominação colonial na Coreia do Sul e a converteram em uma base militar, destinada a agredir toda a Coreia e Ásia. Ainda que sofreram uma derrota vergonhosa na guerra de agressão contra a República Popular Democrática da Coreia, os imperialistas norte-americanos mantém invariavelmente sua intenção agressiva de conquistar toda a Coreia, e realizam sem cessar manobras para desatar uma nova guerra na Coreia. A suprema e imediata tarefa que enfrenta o povo coreano é o de levar a cabo a revolução de libertação nacional, liquidando o sistema colonial do imperialismo norte-americano na Coreia do Sul, e lograr a unificação do país. Para realizar por completo a causa de libertação nacional, o povo coreano deve preparar suas forças em três aspectos: fortalecer as forças socialistas na Coreia do Norte; aumentar e acumular forças revolucionárias na Coreia do Sul, desenvolver o movimento revolucionário internacional e fortalecer a solidariedade com ele. Os êxitos da construção socialista na Coreia do Norte estimulam a luta anti-ianque de salvação nacional do povo sul-coreano e contribui para preparar forças revolucionárias na Coreia do Sul. Ao mesmo tempo que reforçamos e desenvolvemos as forças revolucionárias no Norte e no Sul da Coreia, lutamos também para fortalecer nossa solidariedade com as forças revolucionárias internacionais. O povo coreano apoia a luta dos povos de todos os países que se opõem ao imperialismo norte-americano e a considera como um respaldo a causa de sua libertação. Nós insistimos que todas as forças anti-imperialistas do mundo devem lutar unidas em uma ação conjunta contra o imperialismo norte-americano, e estamos nos esforçando continua e invariavelmente para que isso ocorra.

O que mais temem os imperialistas norte-americanos é a força unida dos povos revolucionários do mundo. É por isso que eles, lançando a mão para todos os tipos de brigas, entorpecem a formação de uma frente única anti-imperialista e põem e prática a estratégia de conquistar um a um os países débeis e pequenos. Temos que frustrar totalmente esta estratégia do imperialismo. Os países da Ásia, África, e América Latina possuem diferentes sistemas sociais e neles existem também numerosos partidos e grupos com diferentes pontos de vistas políticos. Porém, fora os lacaios do imperialismo, todos esses países e partidos possuem um interesse comum em se opor as forças agressivas do imperialismo representados pelo imperialismo norte-americano. A diferença de sistemas sociais e concepções políticas de nenhuma maneira pode constituir um estorvo para lutar com forças unidas e realizar ações conjuntas contra o imperialismo norte-americano. Não se devem permitir ações como as de dividir essa frente única anti-imperialista ou negar-se uma ação conjunta, antepondo os interesses particulares de cada país ou partido. Semelhante conduta unicamente favorece o imperialismo, liderado pelo imperialismo norte-americano, e causa danos aos povos revolucionários.

Na luta comum contra o imperialismo, é muito importante a defesa das revoluções que já conquistaram a vitória.

Lutar pela defesa das conquistas da revolução cubana constitui um dever internacionalista de todos os povos revolucionários. Cuba revolucionária representa o futuro da América Latina, e sua existência estimula o movimento libertador dos povos desse continente. O triunfo da revolução cubana é uma prova evidente de que em nossa época o imperialismo, sem sombra de dúvidas, será derrotado, e de que a revolução de libertação nacional e a revolução popular obterão sem faltas a vitória. Este é o motivo pela qual os imperialistas norte-americanos odeiem e temam tanto esse pequeno país caribenho. Os imperialistas norte-americanos tratam de estrangular a República de Cuba. Os povos latino-americanos e os povos progressistas de todo o mundo devem fazer tudo o que esteja a seu alcance para frustrar a política de bloqueio do imperialismo norte-americano contra a República de Cuba, e destruir suas tentativas de agressão militar contra Cuba.

Na atualidade, a guerra de resistência pela salvação nacional do povo vietnamita contra as tropas norte-americanas constitui o ponto focal da luta anti-imperialista. As forças agressivas do imperialismo norte-americano e as forças anti-imperialistas do mundo, amantes da paz, se enfrentam hoje cara a cara no Vietnam. Graças a heroica resistência do povo vietnamita, as tropas norte-americanas sofrem derrotas sucessivas e se afundam em um pântano que não podem sair. Diferente do que calculavam os imperialistas norte-americanos, a guerra no Vietnã se converteu em uma sepultura para os agressores. A guerra de resistência de salvação nacional do povo vietnamita demonstra claramente uma vez mais que um povo que está decidido a defender sua independência e liberdade, arriscando qualquer sacrifício, e que possua apoio dos povos de todo mundo, é invencível.

Agora os imperialistas norte-americanos expandem essa guerra passo a passo, reforçando sem cessar suas forças militares no Vietnã do Sul, introduzindo ali mais tropas satélites e bombardeando em grande escala a República Democrática do Vietnã.

O povo vietnamita, com seu heroico combate, está levando o enorme peso da luta de resistência contra a agressão do mais bárbaro e mais sinistro imperialismo dos tempos atuais. O povo vietnamita luta não somente para defender sua independência e liberdade, mas também para defender a paz e a segurança mundial. Quando tenhamos conseguido deter e frustrar a agressão do imperialismo contra o Vietnã, o destino do imperialismo dos Estados Unidos será como o pôr do sol, e para os povos de todos os países que lutam pela paz, independência e o progresso serão criadas situações mais favoráveis. Os povos do mundo inteiro, amantes da paz, possuem a obrigação de oferecer todo tipo de ajuda ao povo vietnamita, e este tem o direito de recebê-la. Os povos dos Estados socialistas, dos países que recentemente se tornaram independentes e de todos os outros países da Ásia, África e América Latina e do resto do mundo devem esforçar-se ao máximo para ampliar a frente única anti-ianque e apoiar a guerra de resistência de salvação nacional do povo vietnamita e frustrar com uma ação conjunta a agressão do imperialismo norte-americano. Ninguém tem o direito de impor ao povo vietnamita a maneira de solucionar seus próprios assuntos internos. As tropas agressivas norte-americanas devem retirar-se do Vietnã, e o problema vietnamita deve ser resolvido pelo próprio povo vietnamita.

Nós não devemos subestimar a força do imperialismo norte-americano, tampouco superestimá-la. O imperialismo norte-americano é capaz de cometer muitos crimes. Porém, o imperialismo norte-americano está em decadência. Hoje, quando o imperialismo norte-americano atua de modo mais despótico, sua debilidade se manifesta com maior clareza do que nunca. O povo coreano conhece o que é o imperialismo norte-americano. Nosso povo já combateu o imperialismo norte-americano e defendeu a Pátria frente sua agressão. A guerra coreana demonstrou que o imperialismo norte-americano não é de nenhum modo um inimigo invencível, mas ao contrário, é possível vence-lo com toda segurança. Em condições distintas da nossa, a vitória da revolução cubana provou mais uma vez essa verdade. Também a guerra de resistência de salvação nacional do povo vietnamita prova essa verdade.

A derrota total do imperialismo norte-americano é inevitável. Os povos asiáticos, africanos e latino-americanos construirão uma nova Ásia, uma nova África e uma nova América Latina independentes e prósperas, e farão grandes contribuições à paz mundial e a libertação da humanidade ao lutarem unidos contra o imperialismo, liderado pelo imperialismo norte-americano.