Foro questiona visão militar de política antidroga dos EUA

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Miguel Insulza, e um assessor do governo do México se posicionaram nesta quinta-feira (25) contra um enfoque militar no combate ao narcotráfico, que privilegia os Estados Unidos.

Sem mencionar explicitamente o país do norte, Insulza e o assessor do governo mexicano em matéria de segurança, Oscar Naranjo Trujillo, afirmaram que o problema não pode ser proposto como uma guerra, nome que Washington dá à sua política antidrogas.

"A droga é um tema de segurança pública e não um tema militar, nem uma guerra. Não se pode dizer 'vamos levar os exércitos para a rua', mas tomar medidas necessárias em uma política que deve ter um componente de interdição", afirmou Insulza.

Falando sobre o panorama na América Latina, agregou que os objetivos das forças policiais são diferentes dos objetivos do exército, apesar de que este último pode desempenhar um papel na luta antidrogas, como o controle marítimo e a inteligência.

"Mas não se trata de ter um enfoque de guerra, com soldados e ocupação de cidades", expressou, ao expor na mesa 'Políticas de Drogas: Desatando o Nó' do foro mundial, onde propôs um enfoque de segurança e saúde pública.

Insulza acrescentou que os viciados não são criminosos, mas doentes crônicos que devem ser atendidos, como os alcoolatras, e a segurança pública deve enfrentar a delinquência, a corrupção e a criminalidade que geram o narcotráfico.

No mesmo foro, Oscar Naranjo, assessor do governo mexicano em matéria de segurança, propôs deixar para trás o conceito de "guerra contra as drogas" – elaborado pelos Estados Unidos – usado nas políticas antinarcóticos da região.

Explicou que o termo "guerra" implica converter os envolvidos no tráfico ilícito de drogas em "inimigos a serem aniquilados", colocando vidas humanas em risco.

"Quando incorporamos o conceito de 'guerra', a única certeza que damos [aos envolvidos] é a possibilidade de morrer sob essa lógica, e eles responderão assassinando até serem assassinados", argumentou quem foi chefe da polícia colombiana entre 2007 e 2012.

Lembrou que vários países da região adotaram no passado recente políticas de guerra contra o narcotráfico, e para alguns isso significou esquecer da integralidade da política contra as drogas, que supõe também esforços de prevenção.

Opinou que uma política de segurança e contra o tráfico de drogas será bem sucedida se consegue convencer aqueles que fazem parte das atividades ilícitas de que têm outras opções para sair do crime.

Prensa Latina