Bolívia mantém aberto diálogo com o Chile, apesar da disputa 

O governo da Bolívia assegurou nesta quarta-feira (10) que mantém abertas as portas do diálogo com o Chile, apesar da disputa pela saída para o mar, e destacou a intensidade das relações comerciais e culturais entre as duas nações. 

O embaixador designado para levar a demanda boliviana por uma saída soberana ao mar perante a Corte Internacional de Justiça da ONU em Haia, Eduardo Rodríguez Veltzé, afirmou que o processo tramita no organismo mundial devido à falta de resolução do conflito por outras vias, mas não nega o intercâmbio e a importância das conversas entre ambos os países.

"A devolução dos portos bolivianos é um tema substantivo que não pôde ser resolvido e, diante da falta de consenso, se decidiu ir a um tribunal internacional, mas isso não elimina [o fato de] que sejamos países vizinhos com uma alta intensidade de relações comerciais, culturais e de outra ordem", opinou.

Embora não tenha detalhado os argumentos da demanda, Rodríguez sustentou em entrevista à rede de televisão CNN que o país conta com um expediente sólido, baseado em numerosos elementos de ordem jurídica e do Direito Internacional.

O ex-presidente da Corte Suprema de Justiça considerou que em várias oportunidades ambos os países avançaram no sentido de conseguir uma solução do tema; no entanto, essas tentativas nunca chegaram ao fim.

"Os dois países avançaram em sucessivas oportunidades em oferecimentos para conseguir uma saída útil e soberana, inclusive com a ajuda de outras potências; mas isto se converteu em uma espécie de círculo vicioso", disse.

Em 2011, o presidente Evo Morales anunciou a decisão de seu país de ir à Corte de Haia para reclamar seu direito a uma saída ao mar, diante do fracasso de um diálogo bilateral entre La Paz e Santiago.

A Bolívia demanda ao Chile seus portos no Oceano Pacífico desde a guerra de 1879, quando perdeu todo o seu litoral: 400 quilômetros de costa e 120 mil quilômetros quadrados de territórios ricos em recursos minerais.

Ambos os governos mantêm suspensas suas relações diplomáticas desde 1962, ainda que as restabeleceram durante três anos, entre 1975 e 1978.

Prensa Latina