Cartagena: saqueada por piratas, cidade encanta

Atacada cinco vezes por piratas entre 1533 e 1586, a única opção que restou à Coroa espanhola para garantir seu domínio sobre Cartagena de Indias foi construir uma muralha de 11 quilômetros em torno do centro da cidade. Mesmo assim, franceses e ingleses continuavam a tentar saquear a região, o que obrigou a Espanha a levantar um gigantesco forte, conhecido como Castillo de San Filipe.

Por Vitor Sion*, em Opera Mundi

 Mais de quatro séculos depois, sem os riscos de uma nova invasão, Cartagena aproveita a peculiaridade de suas antigas formas de defesa para atrair turistas. No final da tarde, os bares e restaurantes localizados sobre as muralhas ficam lotados até o por do sol. Em uma rápida caminhada, também é impossível não encontrar réplicas de canhões usados nas batalhas dos séculos 16 a 18.

Na Plaza de Bolívar, além da Catedral da cidade, também está localizado o Museu da Inquisição, que exibe réplicas de instrumentos usados pela Igreja Católica para tortura e execução de hereges. Os turistas podem optar por uma visita guiada ou conhecer o museu sozinhos, o que é possível graças aos painéis com explicações sobre a história do país. Neles, aprende-se, por exemplo, que as mulheres suspeitas de serem bruxas eram submetidas a uma pesagem, na qual as mais leves eram condenadas por poderem voar.

O turismo em Cartagena, no entanto, não vive só das lembranças de tempos turbulentos. As agradáveis e estreitas ruas são uma aula de cultura local. Em frente ao Museu de Arte Moderna, na Praça de São Pedro Claver, há esculturas dos personagens típicos da cidade: pescadores, os donos de charretes e, claro, as mulheres que vendem saladas de frutas.

Gabriel García Márquez

Outro motivo que leva milhares de pessoas a Cartagena é o fato de ela ser a cidade em que o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez passou grande parte de sua vida. A casa de Gabo, onde ele costuma passar apenas os verões, já que atualmente mora no México, virou um dos pontos turísticos mais visitados.

Mas não é só lá que se nota a presença de García Márquez. No tradicional Quiebra-Canto, onde há aulas de salsa, e no Museu de Arte Moderna, há fotos que mostram partes da vida do jornalista e escritor.

Para os admiradores mais apaixonados pelo autor, há um trajeto específico de oito noites e que passa por quatro cidades marcantes em sua vida. Além de Cartagena, o tour engloba Aracataca, sua cidade natal, Barranquilla e Valledupar, que o inspirou na criação de Macondo, cidade fictícia de “Cem Anos de Solidão”.

*Vitor Sion é jornalista no Opera Mundi