Júri decide hoje destino de acusados de matar extrativistas no PA

O destino dos réus José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, acusados de matar o casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em maio de 2011, em Nova Ipixuna (a 582 km de Belém), será decidido nesta quinta-feira (4).

Neste segundo e último dia de julgamento, acusação e defesa devem travar um debate intenso para tentar convencer os sete jurados – três homens e quatro mulheres – que compõem o júri popular.

O crime, ocorrido em 2011, ressalta a violência contra militantes de defesa do meio ambiente na região Norte, que já viu o seringueiro e sindicalista Chico Mendes e a missionária americana Dorothy Stang serem mortos por questões agrárias. O casal recebeu várias ameaças antes de morrer.

A previsão é de que essa etapa do júri dure de cinco a oito horas, a depender da necessidade de tréplicas das partes. Em seguida, os jurados vão se reunir na sala secreta para votarem pela absolvição ou condenação dos réus. A sentença deve ser anunciada à noite.

O caso é julgado na Vara da Violência Doméstica e do Tribunal do Júri de Marabá (a 685 km de Belém), um ano após aceitação da denúncia pelo juiz Murilo Lemos Simão, que preside o julgamento.

A acusação do MP-PA (Ministério Público do Pará) contempla três qualificadoras como agravantes dos homicídios: motivo torpe (a disputa pela posse de terra), meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Debate entre acusação e defesa

A sustentação oral da acusação terá cerca de duas horas e meia de duração, deve se apoiar em provas técnicas e testemunhais para tentar incriminar os réus. Dois promotores e dois assistentes compõem a banca de acusação.

"A maioria das testemunhas conseguiu comprovar que os acusados estavam na cena do crime, que havia desentendimentos entre as vítimas e o José Rodrigues. Já as testemunhas de defesa não conseguiram eximir que eles não se encontravam lá e de que não havia motivo para matarem o casal. Temos as provas periciais e testemunhais, além das próprias provas da defesa, que merecem ser desqualificadas por serem claramente inverídicas" afirma o promotor Danyllo Pompeu Colares.

Primeiro dia do júri

O primeiro dia do júri, nesta quarta-feira, foi marcado pelo depoimento de nove testemunhas –cinco de acusação e quatro de defesa. Os três réus também foram interrogados, em uma sessão que durou mais de doze horas.

As testemunhas de acusação relataram que havia desentendimentos entre as vítimas e José Rodrigues – acusado de ser o mandante do crime – e que casal sofria ameaças constantes do réu. Além disso, uma das testemunhas contou que viu Lindonjonson nas proximidades do local onde ocorreram os crimes no dia dos assassinatos.

Nos interrogatórios, os três réus negaram a autoria e participação no crime e alegaram inocência.

Os irmãos Rodrigues e Lindonjonson negaram possuir desentendimentos com os extrativistas, choraram e usaram, por vezes, a "fé em Deus" como argumento para pedir a absolvição dos jurados. Já Alberto disse que sequer conhecia os demais acusados e afirmou que estava em outra cidade no dia do crime.

Fonte: Folha de S.Paulo