Ativistas mortos ganham memorial durante FMML

Onze ativistas mortos recentemente estão sendo homenageados durante o 3º Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) que acontece no prédio da Faculdade de Ciências da Universidade El Manar, em Túnis, na Tunísia, que receberá o Fórum Social Mundial a partir desta terça-feira (26).

Por Deborah Moreira, enviada especial do Vermelho à Tunísia

3º Fórum Mundial Mídia Livre - Bia Barbosa/Intervozes

Para cada um dos midialivristas foi montado um painel em três idiomas (português, inglês e francês) com um texto feito de forma colaborativa entre alguns participantes do FMML. Além disso, há fotos dos homenageados. Foram feitos, ainda, desenhos exclusivamente para a mostra, feitos por Rafel Presto.

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“Nos não estamos fazendo uma homenagem simplesmente porque eles morreram. Mas sim porque essas pessoas nos inspiraram, fizeram coisas que estão vivas e por causa disso perderam a vida”, declarou Rita Freire, integrante da Ciranda Independente da Comunicação Compartilhada, uma das idealizadoras do Memorial e do FMML.

Enquanto a exposição era montada, muitos curiosos se aproximaram e acabaram descobrindo que se tratava de um memorial para lembrar ativistas que morreram. Aos poucos, os universitários tunisianos foram se apropriando e somando esforços

Rita Freire lembrou que havia uma dúvida com relação ao acolhimento dos temas propostos pelo FMML e do próprio memorial: “Queríamos saber quem estaria interessado no que viemos dizer. Mas nos demos conta de que eles se apropriaram, ocuparam a exposição e organizaram todo o espaço, fazendo revisão dos textos, das histórias das pessoas, trazendo novas histórias. Até fizeram questão de apresentar a exposição aqui durante a abertura”.

Em uma dessas revisões, os organizadores tomaram conhecimento sobre o que de fato aconteceu com o tunisiano Zouhair Yahyaoui, que mantinha um fanzine eletrônico na internet (Tunísia), o TuneZine. Até então, se tinha conhecimento de que Zouahair, que foi preso em 2002, por divulgar informações sobre a esfera do judiciário, durante o governo ditatorial de Ben Ali, morreu aos 37 anos tempos depois de ser solto, em 2005, após sofrer tortura e fazer longas greves de fome.

“Tínhamos a informação de que ele morreu poucos dias depois ao sair da prisão. No entanto, hoje descobrimos que ele saiu da prisão como o Vladimir Herzog. Ele saiu morto da prisão. Foi assassinado. E a noticia permitida para divulgar é que ele tinha morrido depois, já fora da prisão”, comparou Rita, referindo-se ao jornalista assassinado dentro da prisão, que teve recentemente sua certidão de óbito alterada. Sob determinação da Justiça brasileira, agora consta na certidão que Herzog morreu por "lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do 2º Exército (DOI-Codi).