Autoridades discutem sobre a seca que assola o Ceará

A situação da seca nos municípios do Ceará foi discutida, na tarde da última sexta-feira (22/03), em audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca da Assembleia. O debate foi solicitado pelo presidente do colegiado, deputado estadual Lula Morais (PCdoB).

Lula destacou que outra seca igual a essa só aconteceu há cerca de 40 anos. “Muitas medidas foram tomadas e, do ponto de vista da repercussão social, seus efeitos são menos graves que no passado. Não há mortes humanas. A desnutrição também não é tão grande. Mas 10% do rebanho bovino já morreu”, frisou.

Para o parlamentar, medidas mitigadoras dos efeitos da seca existem, e estão ao nosso alcance. “Por isso, precisamos saber o que já foi feito e o que ainda podemos fazer”, argumentou.

A reunião contou com a presença de representantes da Funceme, Sohidra, Cagece, Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aprece, Dnocs e do senador Inácio Arruda (PCdoB/CE). Também participaram os prefeitos de Assaré, Crateús, Tururu, Cruz, Pereiro, Mombaça, São Luís do Curu, Capistrano, Croatá, Jaguaribara, Pedra Branca, Choró, Lavras, Monsenhor Tabosa, Jaguaretama, Nova Olinda, Quiterianópolis e vereadores de Maranguape.

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, disse que, desde janeiro, são anotadas precipitações inferiores às de 2012, que já foi um ano seco. E as previsões são de que nos próximos meses as chuvas continuem abaixo da média. “Todos os modelos apontam para o mesmo quadro”, disse.

Josineto Araújo, da Cagece, disse que todos os mananciais estão sendo monitorados. A empresa, segundo ele, está desenvolvendo novas tecnologias de tratamento, realizando contratos para cavar poços rasos e profundos. “Temos a menor perda do País, em torno de 24,9%”, informou.

O engenheiro Iran Magalhães da SRH informou que o projeto Eixão da Águas vai nos socorrer daqui a três anos. A primeira fase, conforme acentuou, consta de 150 km de canais, sifões e túneis, que irão trazer água do rio São Francisco até Cariús, com investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão.

O representante da SDA, João Bosco, disse que, dede 1950, ocorreram 21 eventos de seca. “Podemos considerar que é um fenômeno natural. Teríamos, então, de buscar ações de convivência”. Ele frisou ainda que a SDA criou um grupo que, há três anos, está desenvolvendo ações de convivência. Segundo declarou, a Secretaria irá fazer convênios com os municípios, de acordo com o solo, favorecendo o armazenamento de água.

Inácio Arruda declarou que até o Maranhão, estado tradicionalmente fora do polígono das secas, diminuiu o volume de chuvas. Ele informou que a presidente Dilma Roussef apresentou um programa para atender a região Nordeste. Mas para a liberação do dinheiro, é preciso vencer a burocracia com a apresentação de projetos. Inácio disse ainda que é importante envolver o setor privado nesse trabalho, já que não existem perfuratrizes públicas em número suficientes para atender a demanda de novos poços.

Fonte: Agência de Notícias da AL