"Apoio dos médicos ao aborto vem em momento especial", diz Liège

A autonomia da mulher sobre o seu corpo e a mortalidade materna. Esses foram argumentos usados pelos médicos do Conselho Federal de Medicina (CFM) que nesta quinta-feira (21) defenderam a interrupção da gravidez até a 12° semana de gestação. "É um apoio fenomenal ao movimento feminista. Vem em um momento especial, de luta contra forças conservadoras", comemora Liège Rocha, secretária nacional da Mulher do PCdoB, em entrevista à Rádio Vermelho.

Liège também comemora o destaque que a notícia ganhou na grande imprensa brasileira. "É um ganho para o movimento feminista no Brasil, com esse destaque na imprensa brasileira", disse a secretária do PCdoB.

A posição do Conselho dá respaldo ao anteprojeto do Novo Código Penal que, se aprovado, permite que o aborto seja feito até a 12ª semana, por vontade da mulher. A defesa feita pela classe médica é bastante progressista, uma vez que rejeita a necessidade do laudo médico ou psicólogo.

Na proposta do Novo Código penal, a paciente deverá ser examinada por um médico ou psicólogo que fará o diagnóstico se faltam “condições psicológicas” para a gestante prosseguir com a gravidez.

Os médicos encaminharão a posição do Conselho à comissão especial do Senado que analisa a reforma do Código Penal, com prazo ainda não definido para ser analisado.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das gestações é indesejada e uma a cada nove mulheres recorre ao aborto. No Brasil, ocorrem aproximadamente 1,44 milhão de abortos espontâneos e inseguros com taxa de 3,7 para cada 100 mulheres.

Atualmente só é permitido o aborto em mulheres gestantes de fetos anencéfalos (crianças que nascem sem cérebro), em casos de estupro ou quando a mãe corre risco de morte, decorrente da gravidez.

Deborah Moreira
Da Redação do Vermelho

Ouça a declaração de Liège Rocha: