ONU: Drones dos EUA violam soberania do Paquistão 

Ataques conduzidos por aviões não tripulados (drones) dos EUA violaram mais uma vez a soberania do Paquistão. A declaração, tornada pública na quinta-feira (14), foi resultado de uma visita de três dias feita por uma missão da ONU no Paquistão. A visita foi mantida em segredo até que a equipe deixasse o país.

O relator especial da ONU para os direitos humanos e contra-terrorismo Ben Emmerson, que visitou a região, disse que os oficiais paquistaneses tinham deixado claro que seu governo não autorizou os ataques.

A equipe de investigação de Emmerson recolheu inúmeras declarações de residentes que testemunharam os ataques, notando que o governo paquistanês confirmou a morte de ao menos 400 civis pelos ataques dos drones estadunidenses.

“Homens adultos realizando tarefas diárias comuns foram frequentemente vítimas de tais ataques”, dizia uma declaração da agência da ONU para os direitos humanos.

“A posição do governo paquistanês é bastante clara”, disse Emmerson."Ele não permitiu o uso de drones pelos Estados Unidos em seu território e considera que isso é uma violação da soberania e da integridade territorial do Paquistão.”

A campanha de drones, ele sublinhou, “envolve o uso da força no território de outro Estado sem o seu consentimento e é, portanto, uma violação da soberania do Paquistão.”

O Paquistão tem protestado repetidamente contra os ataques realizados por drones, iniciados pelo ex-presidente dos EUA George W. Bush, há quase 10 anos. O motivo dos protestos é sempre o mesmo: a violação da soberania do país que resulta em numerosas mortes.

Entretanto, essa posição tem sido questionada pelos oficiais dos Estados Unidos, que insistem no fato de que os ataques com drones são parte da campanha da guerra estadunidense “contra o terrorismo”, com o objetivo de derrubar militantes do Talibã e de Al-Qaeda no Paquistão, enquanto negam que os ataques têm matado centenas de pessoas.

De acordo com o Centro de Jornalismo Investigativo, de junho de 2004 até setembro de 2012, entre 2.562 e 3.325 pessoas morreram em ataques realizados por drones no Paquistão, e a maioria no norte do Waziristão. Entre 474 e 881 dos mortos eram civis, números que incluem 176 crianças. Outras 1.300 pessoas ficaram feridas.

A ONU começou suas investigações sobre as “baixas civis” ocasionadas por ataques com drones e outros “assassinatos seletivos” no Paquistão, assim como em vários outros países, em janeiro passado. As conclusões devem ser publicadas em outubro.

Com Al-Manar