Acompanhado por multidão, corpo de Chávez chega ao 23 de Enero

Centenas de milhares de venezuelanos voltaram às ruas de Caracas nesta sexta-feira (15) em uma procissão funerária para o presidente venezuelano Hugo Chávez. O corpo de Chávez foi levado pelas ruas da capital, em um percurso de 18 quilômetros, da Academia Militar até o Museu da Revolução, no Quartel da Montanha, no bairro de 23 de Janeiro, zona oeste da capital.

Milhares de venezuelanos foram às ruas para ver o corpo de Chávez ser levado ao 23 de Janeiro

Os eventos de sexta-feira (15) são o fim de dez dias de luto oficial na nação sul-americana, liderada por Chávez durante os últimos 14 anos. “Você é um gigante.. voe alto e forte, nós cuidaremos de sua pátria e defenderemos seu legado", disse sua filha María Gabriela, em uma cerimônia religiosa antes do início da procissão.

O caixão foi levado por membros da cavalaria até o pátio militar, onde recebeu honras de mais de mil cadetes antes de começar um percurso pela capital até o Quartel da Montanha. Ainda restam dúvidas sobre o local definitivo onde o corpo ficará enterrado.

Durante a cerimônia, aviões sukhoi (um tipo de aeronave russa) sobrevoaram o céu de Caracas. Além disso, houve uma missa e palavras do major general Jacinto Pérez Arcay – considerado um mestre por Chávez -, do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e da filha do falecido presidente María Gabriela Chávez.

Cercado por sua escolta pessoal, o caixão coberto pela bandeira da Venezuela foi seguido por uma caravana liderada pelos pais do falecido chefe de Estado, Elena e Hugo de los Reyes, familiares, funcionários e a cúpula militar. Enquanto o hino nacional era tocado, Chávez recebeu honras e se ouviam salvas de tiros de canhão.

Também estava presente o presidente da Bolívia, Evo Morales, que na semana passada compareceu ao funeral organizado pelo governo da Venezuela e do qual participaram mais de 50 delegações internacionais e cerca de 30 chefes de Estado e de governo.

Os 10 dias de luto no país foram marcados pela forte comoção popular

Os familiares de Chávez continuaram o percurso sobre a esplanada do pátio militar em um tapete vermelho, enquanto os cadetes cantavam "Patria querida", uma composição musical militar que o falecido governante cantou no dia 8 de dezembro em sua última mensagem aos venezuelanos.

Posteriormente, o caixão foi colocado em um carro funerário para começar o cortejo fúnebre até seu lugar de destino.

Destino

Multidões de "chavistas" encheram as ruas para a procissão de sexta-feira (15). Alguns usavam bandanas com o nome do presidente interino, Nicolás Maduro, nomeado por Chávez como seu sucessor e que disputará a Presidência nas eleições de 14 de abril.

O local escolhido para o memorial tem grande significado histórico para os venezuelanos, tanto por ser onde Chávez comandou a rebelião de 4 de fevereiro de 1992, como pela importância do 23 de Janeiro – um bairro conhecido por resistir a governos repressores e por reunir forte apoio ao presidente.

Desde no último dia 6, o corpo de Chávez foi velado na Academia Militar de Caracas para que milhares de pessoas pudessem dar o seu último adeus ao líder em uma capela cujo acesso foi fechado ao público por volta das 2h30 locais de hoje (4h de Brasília).

Local do sepultamento

O Parlamento deveria debater uma moção nesta semana para uma emenda na Constituição para que o corpo de Chávez seja colocado no Panteão Nacional, perto dos restos mortais do líder da independência da Venezuela e vários outros países sul-americanos, Simon Bolívar. A Constituição estabelece que a honraria só pode ser concedida para líderes 25 anos após sua morte.

Mas o debate foi adiado em meio a conversas de que o corpo de Chávez pode ser levado para sua cidade-natal, Sabaneta, nos "llanos" (planícies), venezuelanas, cumprindo seu desejo de descansar ao lado da avó que o criou em uma casa de chão de barro.

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Com Opera Mundi